Amigo
Mal nos conhecemos
Inaugurámos a palavra «amigo».
«Amigo» é um sorriso
De boca em boca,
Um olhar bem limpo,
Uma casa, mesmo modesta, que se oferece,
Um coração pronto a pulsar
Na nossa mão!
«Amigo» (recordam-se, vocês aí,
Escrupulosos detritos?)
«Amigo» é o contrário de inimigo!
«Amigo» é o erro corrigido,
Não o erro perseguido, explorado,
É a verdade partilhada, praticada.
«Amigo» é a solidão derrotada!
«Amigo» é uma grande tarefa,
Um trabalho sem fim,
Um espaço útil, um tempo fértil,
«Amigo» vai ser, é já uma grande festa!
Alexandre O'Neill
Um Homem percorre o mundo inteiro em busca daquilo que precisa e volta a casa para encontrá-lo. "George Moore"
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
Cinco Poemas
Para os Amigos
Os Amigos
Os amigos amei
despido de ternura
fatigada;
uns iam, outros vinham,
a nenhum perguntava
porque partia,
porque ficava;
era pouco o que tinha,
pouco o que dava,
mas também só queria
partilhar
a sede de alegria —
por mais amarga.
Eugénio de Andrade
Os Amigos
Os amigos amei
despido de ternura
fatigada;
uns iam, outros vinham,
a nenhum perguntava
porque partia,
porque ficava;
era pouco o que tinha,
pouco o que dava,
mas também só queria
partilhar
a sede de alegria —
por mais amarga.
Eugénio de Andrade
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
Cinco Poemas
Para Os Amigos
Bilhete para o Amigo Ausente
Lembrar teus carinhos induz
a ter existido um pomar
intangíveis laranjas de luz
laranjas que apetece roubar.
Teu luar de ontem na cintura
é ainda o vestido que trago
seda imaterial seda pura
de criança afogada no lago.
Os motores que entre nós aceleram
os vazios comboios do sonho
das mulheres que estão à espera
são o único luto que ponho.
Natália Correia
Bilhete para o Amigo Ausente
Lembrar teus carinhos induz
a ter existido um pomar
intangíveis laranjas de luz
laranjas que apetece roubar.
Teu luar de ontem na cintura
é ainda o vestido que trago
seda imaterial seda pura
de criança afogada no lago.
Os motores que entre nós aceleram
os vazios comboios do sonho
das mulheres que estão à espera
são o único luto que ponho.
Natália Correia
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Cinco Poemas
Para os Amigos
Antes que Seja Tarde
Amigo, tu que choras uma angústia qualquer
e falas de coisas mansas como o luar
e paradas
omo as águas de um lago adormecido,
acorda!
Deixa de vez
as margens do regato solitário
onde te miras
como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de barco ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.
Acorda, amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha,
abre os braços e luta!
Amigo,
antes da morte vir
nasce de vez para a vida.
Manuel da Fonseca
Antes que Seja Tarde
Amigo, tu que choras uma angústia qualquer
e falas de coisas mansas como o luar
e paradas
omo as águas de um lago adormecido,
acorda!
Deixa de vez
as margens do regato solitário
onde te miras
como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de barco ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.
Acorda, amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os olhos e olha,
abre os braços e luta!
Amigo,
antes da morte vir
nasce de vez para a vida.
Manuel da Fonseca
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
Cinco Poemas
Para os Amigos
De entre todos, apenas vós
tendes direito a ver-me
fracassar. Onde caio
entre a vossa irónica
doçura implacável, convosco
partilho o pão e o espaço
e a rapidez dos olhos
sobre o que fica (sempre)
para dar ou dizer.
E de vós me levanto
e vos levo pesando
e ardendo até onde
me ajudais a ser
melhor ou talvez
menos só.
Vítor Matos e Sá
De entre todos, apenas vós
tendes direito a ver-me
fracassar. Onde caio
entre a vossa irónica
doçura implacável, convosco
partilho o pão e o espaço
e a rapidez dos olhos
sobre o que fica (sempre)
para dar ou dizer.
E de vós me levanto
e vos levo pesando
e ardendo até onde
me ajudais a ser
melhor ou talvez
menos só.
Vítor Matos e Sá
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
domingo, 19 de dezembro de 2010
Leituras
A vida reparte-se por ciclos, cujas fronteiras são por vezes de uma perturbadora nitidez. O último talvez seja este: o que delimita a fase em nos resta administrar acaudeladamente (em alguns casos avaramente) uma sabedoria amealhada, ou em que nos preparamos para a desbaratar numa espécie de furiosa imolação.
Fernando Namora
«Jornal sem Data»
sábado, 18 de dezembro de 2010
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Palavras Roubadas...
Encontra-me na volta do tempo
enroscada pelo frio e pelo vento
a chuva a bater-me por dentro
e eu à tua espera, para o momento
Encontra-me uma vez que seja
na espuma da onda que se beija
na boca ardente que se deseja
e na memória, para que se veja
Encontra-me só mais uma vez
na volta do tempo que se desfez
no abraço que se deu mais uma vez
e na despedida, que em nós se fez
Encontra-me por fim em cada dia
na noite no vento que assobia
na rocha no mar em que perdia
toda a saudade que em nós cabia.
Encontra-me...
Maria
O Cheiro da Ilha
enroscada pelo frio e pelo vento
a chuva a bater-me por dentro
e eu à tua espera, para o momento
Encontra-me uma vez que seja
na espuma da onda que se beija
na boca ardente que se deseja
e na memória, para que se veja
Encontra-me só mais uma vez
na volta do tempo que se desfez
no abraço que se deu mais uma vez
e na despedida, que em nós se fez
Encontra-me por fim em cada dia
na noite no vento que assobia
na rocha no mar em que perdia
toda a saudade que em nós cabia.
Encontra-me...
Maria
O Cheiro da Ilha
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
domingo, 12 de dezembro de 2010
Leituras...
Balada para um Homem na Multidão
Este homem que entre a multidão
enternece por vezes destacar
é sempre o mesmo aqui ou no japão
a diferença é ele ignorar.
Muitos mortos foram necessários
para formar seus dentes um cabelo
vai movido por pés involuntários
e endoidece ser eu a percebê-lo.
Sentam-no à mesa de um café
num andaime ou sob um pinheiro
tanto faz desde que se esqueça
que é homem à espera que cresça
a árvore que dá dinheiro.
Alimentam-no do ar proibido
de um sonho que não é dele
não tem mais que esse frasco de vidro
para fechar a estrela do norte.
E só o seu corpo abolido
lhe pertence na hora da morte.
Natália Correia
«O Vinho e a Lira»
Este homem que entre a multidão
enternece por vezes destacar
é sempre o mesmo aqui ou no japão
a diferença é ele ignorar.
Muitos mortos foram necessários
para formar seus dentes um cabelo
vai movido por pés involuntários
e endoidece ser eu a percebê-lo.
Sentam-no à mesa de um café
num andaime ou sob um pinheiro
tanto faz desde que se esqueça
que é homem à espera que cresça
a árvore que dá dinheiro.
Alimentam-no do ar proibido
de um sonho que não é dele
não tem mais que esse frasco de vidro
para fechar a estrela do norte.
E só o seu corpo abolido
lhe pertence na hora da morte.
Natália Correia
«O Vinho e a Lira»
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010
Outra Janela...
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