quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Da Janela Norte

outros caminhos

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

PRELÚDIO DE NATAL

Tudo principiava
pela cúmplice neblina
que vinha perfumada
de lenha e tangerinas

Só depois se rasgava
a primeira cortina
E dispersa e dourada
no palco das vitrinas

a festa começava
entre odor a resina
e gosto a noz-moscada
e vozes femininas

A cidade ficava
sob a luz vespertina
pelas montras cercada
de paisagens alpinas


David Mourão-Ferreira

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Outra Janela





"Pensar. E se o pensar fosse uma doença, mesmo que dela resulte uma pérola?"  

Vergílio Ferreira

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Da Janela Norte

todo o tempo

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Setembro

Mar de Setembro
Tudo era claro:
céu, lábios, areias.
O mar estava perto,
Fremente de espumas. 
Corpos ou ondas:
iam, vinham, iam,
dóceis, leves, só
alma e brancura.
Felizes, cantam;
serenos, dormem;
despertos, amam,
exaltam o silêncio. 
Tudo era claro,
jovem, alado.
O mar estava perto,
puríssimo, doirado.

Eugénio de Andrade

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

No Dia Mundial Da Fotografia

um amor quase perfeito

segunda-feira, 10 de junho de 2013

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Leituras (minhas)

A lua no cinema

A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.

Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!

Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava pra ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.

A lua ficou tão triste
com aquela história de amor
que até hoje a lua insiste:
— Amanheça, por favor!

Paulo Leminski

sábado, 25 de maio de 2013

Outra Janela

amar a maio

segunda-feira, 18 de março de 2013

Castelo

li o momento e fiquei parada a olhar para janela
olhei e nada
esperava que o momento acontecesse.
agora...

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Leituras de ontem

Amei-te como na vida se ama uma só vez;

e todos os afetos que dividi depois eram
apenas cinzas que evocavam o brilho dessa
imensa chama. Troquei suspiros e beijos
com muitas outras bocas quando, na minha,
o travo da solidão era uma amarga desculpa
para repartir o pouco que não tinha; mas
em nenhuma quis morder fruto mais
suculento que o silêncio nem permiti que
pousasse sequer o meu nome verdadeiro -
que só nos teus lábios era graça e canção

e eco de loucura. Foi o meu corpo tão vão displicente
naqueles que o cingiram que me faria velha
a tentar recordar-lhes os gestos hesitantes,
as convulsões da pressa e os veios de sal que
descreviam no litoral da pele o aviso de uma
paisagem interior abandonada. Mas de nada

me serviu amar-te assim - pois, ao dizer-te o
que não pude ser longe de ti, digo-te o que sou
e isso há de guardar-te para sempre de voltares.



Maria do Rosário Pedreira

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Aforas

Podemos viver uma vida, pode não acontecer nada, mas ser Mãe é simplesmente acontecer tudo.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Leituras da noite passada...

Hora


Sinto que hoje novamente embarco
Para as grandes aventuras,
Passam no ar palavras obscuras
E o meu desejo canta --- por isso marco
Nos meus sentidos a imagem desta hora.

Sonoro e profundo
Aquele mundo
Que eu sonhara e perdera
Espera
O peso dos meus gestos.

E dormem mil gestos nos meus dedos.
Desligadas dos círculos funestos
Das mentiras alheias,
Finalmente solitárias,
As minhas mãos estão cheias
De expectativa e de segredos
Como os negros arvoredos
Que baloiçam na noite murmurando.

Ao longe por mim oiço chamando
A voz das coisas que eu sei amar.

E de novo caminho para o mar.



Sophia de Mello Breyner Andresen