Procurei-te
na lisura das palavras
no limiar do silêncio
de onde brota a justa claridade
como só em um tempo antigo
e remoto
Procurei-te
por teu nome de infância
nu aberto ao tempo
fosse noite ou dia
ao vento e à chuva
para te dizer do amor
Maria A. Mitelo
Entre Pássaros e o Mar
Um Homem percorre o mundo inteiro em busca daquilo que precisa e volta a casa para encontrá-lo. "George Moore"
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
terça-feira, 19 de fevereiro de 2008
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008
Desafio - 12 palavras...
Recebi este desafio do blogue aArtmus, obrigada. Confesso que ao contrário das Correntes de Prémios, eu gosto destes jogos, como gostei do Desafio da Página 161. Assim neste caso temos de escolher 12 palavras, aquelas que nos dizem algo em especial, e formar um texto. Resolvi então fazer o seguinte: escolhi as minhas 12 palavras e descrevi o que representam para mim, sinónimos...
São estas, sem qualquer ordem:
Belíssima - som e tom leve, suave;
Guitarra - força, acordes nocturnos;
Carinho - segredos;
Amanhecer - tempo sem pressa;
Luz - surpresa;
Beijo - longo permanecer em surdina;
Caminho - olhar em frente, solidão;
Retalhos - união, o belo e o feio;
Olhares - transparência, revelação;
Janela - oferecer;
Luvas - sossego, passeio em tarde fria;
Cerejas - doce sabor a palavras.
Agora terei de passar a palavra a 12 pessoas, aqui fica então o meu convite a:
domingo, 17 de fevereiro de 2008
Autores
Certamente é bom que o mundo conheça apenas a obra bela e não as suas origens nem as condições em que foi gerada; pois o conhecimento das fontes de onde provém a inspiração para o artista causaria frequentemente perturbação e espanto, neutralizando assim os efeitos da excelência.
Morte em Veneza
Thomas Man
sábado, 16 de fevereiro de 2008
Na última gaveta...
Da Costa de Cascais
Aqui, na orla do mar, as cruzes
são sinais de pescadores perdidos
no fundo, mortos, quando buscam
o sal da vida. Em vez de a sua força
fazer ceder a vaga sob o anzol,
é a força do mar ou a paixão da vida
- arquejante e morta -
que os puxa para um purgatório
de água revolta e de limos.
Fiama H. Pais Brandão
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
terça-feira, 12 de fevereiro de 2008
Autores
Amar: Fechei os olhos para não te ver
e a minha boca para não dizer...
E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,
e da minha boca fechada nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei...
O amor é quando a gente mora um no outro.
e a minha boca para não dizer...
E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,
e da minha boca fechada nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei...
O amor é quando a gente mora um no outro.
Mário Quintana
domingo, 10 de fevereiro de 2008
Ao entardecer...
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008
Ao entardecer...
Eu vi do dia a súbita dádiva
do sol sobre as mãos tímidas
e cantei antecipando o céu de abril
E o ar percorrido do breve silabar
por que branda respiração
e assim líquidos perfumes
oscilou
e se dispersou
em memórias longínquas
E o sul tão perto.
Maria A. Mitelo
Entre Pássaros e o Mar
do sol sobre as mãos tímidas
e cantei antecipando o céu de abril
E o ar percorrido do breve silabar
por que branda respiração
e assim líquidos perfumes
oscilou
e se dispersou
em memórias longínquas
E o sul tão perto.
Maria A. Mitelo
Entre Pássaros e o Mar
terça-feira, 5 de fevereiro de 2008
... era uma vez
4 palavras
Janela:
do Lat. januella
s. f.,
abertura na parede de um edifício para deixar entrar a luz e o ar;
a porta com que se fecha ou tapa essa abertura;
Anat.,
cada um dos orifícios abertos na parede interna do fundo da membrana do tímpano (janela oval, janela redonda);
fam.,
abertura ou rasgão;
pop.,
(no pl. ) os olhos.
Janelo:
s. m.,
pequena janela;
postigo.
Janeleiro:
adj. e s. m.,
que ou o que gosta de estar à janela.
Janeleira:
adj. f.,
amiga de estar à janela;
namoradeira.
in, Dic. de Língua Portuguesa
Texto Ed.
Janela:
do Lat. januella
s. f.,
abertura na parede de um edifício para deixar entrar a luz e o ar;
a porta com que se fecha ou tapa essa abertura;
Anat.,
cada um dos orifícios abertos na parede interna do fundo da membrana do tímpano (janela oval, janela redonda);
fam.,
abertura ou rasgão;
pop.,
(no pl. ) os olhos.
Janelo:
s. m.,
pequena janela;
postigo.
Janeleiro:
adj. e s. m.,
que ou o que gosta de estar à janela.
Janeleira:
adj. f.,
amiga de estar à janela;
namoradeira.
in, Dic. de Língua Portuguesa
Texto Ed.
domingo, 3 de fevereiro de 2008
Ao entardecer...
Porque ao longe
se cala o mar
e o ar avermelha
as linhas indistintas do horizonte
Porque os meus olhos
em ti se demoram
serenos
e os céus nos fitam suspensos
Porque juntos
palpamos a espuma breve
nunca mais invocarei
a inclemência dos caminhos
Maria A. Mitelo
Entre Pássaros e o Mar
sábado, 2 de fevereiro de 2008
Outra Janela...
Diz o povo: é Carnaval ninguém leva a mal!
Por isso a Casa vestiu a preceito as janelas a apresentar, e assim reinar...
Por isso a Casa vestiu a preceito as janelas a apresentar, e assim reinar...
quinta-feira, 31 de janeiro de 2008
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
... era uma vez
Rio Sado
Nota:
O Sado (antigamente chamado Sádão) é um rio português, que nasce a 230m de altitude, na Serra do Caldeirão e percorre 180 quilómetros até desaguar no oceano Atlântico junto a Setúbal.
No seu percurso passa por Alvalade e por Alcácer do Sal, sendo o seu estuário a separar Setúbal de Tróia. É dos poucos rios da Europa que corre de Sul para Norte, tal como o Rio Mira (Odemira, Alentejo), que é de menor dimensão.
No estuário do Sado habita uma população de golfinhos (roaz-corvineiro), que tem resistido à invasão do seu habitat pelo homem (tráfego marítimo para os estaleiros da Mitrena, para o porto de Setúbal e decorrente da pesca e da doca de recreio, além do ferry-boat de ligação entre margens).
A sua bacia hidrográfica tem uma área de 7640 km2.
No seu percurso passa por Alvalade e por Alcácer do Sal, sendo o seu estuário a separar Setúbal de Tróia. É dos poucos rios da Europa que corre de Sul para Norte, tal como o Rio Mira (Odemira, Alentejo), que é de menor dimensão.
No estuário do Sado habita uma população de golfinhos (roaz-corvineiro), que tem resistido à invasão do seu habitat pelo homem (tráfego marítimo para os estaleiros da Mitrena, para o porto de Setúbal e decorrente da pesca e da doca de recreio, além do ferry-boat de ligação entre margens).
A sua bacia hidrográfica tem uma área de 7640 km2.
Fonte: Wikipédia
Nota:
As 7 imagens editas anteriormente são todas deste Rio, tiradas num solarengo sábado de Janeiro.
domingo, 27 de janeiro de 2008
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Ao amanhecer ...
Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e o perfume a transpirar na minha pele. E o corpo
doeu-me onde antes os teus dedos foram aves
de verão e a tua boca deixou um rasto de canções.
No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração
que era o resto da vida - como um peixe respira
na rede mais exausta. Nem mesmo à despedida
foram os gestos contundentes: tudo o que vem de ti
é um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcara
um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo
um trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama
e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos;
mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota
as forças, são frios os batentes nas portas da manhã.
Maria do Rosário Pedreira
O Canto do Vento nos Ciprestes
e o perfume a transpirar na minha pele. E o corpo
doeu-me onde antes os teus dedos foram aves
de verão e a tua boca deixou um rasto de canções.
No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração
que era o resto da vida - como um peixe respira
na rede mais exausta. Nem mesmo à despedida
foram os gestos contundentes: tudo o que vem de ti
é um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcara
um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo
um trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama
e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos;
mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota
as forças, são frios os batentes nas portas da manhã.
Maria do Rosário Pedreira
O Canto do Vento nos Ciprestes
quarta-feira, 23 de janeiro de 2008
Autores
A terra, conclui depois de dar-lhe muitas voltas, não passava de uma ampla coligação determinada a aborrecer o marinheiro: tinha escolhos que não apareciam nas cartas, recifes e barras de areia, e cabos com restingas traiçoeiras. Estava povoada, além disso, por uma multidão de funcionários, empregados de alfândegas, amarradores, capitães de porto, polícia, juízes e mulheres de pele pintalgada.
Arturo Pérez-Reverte
O Cemitério Dos Barcos Sem Nome
Tempo de agradecer... II

Obrigada.
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Tempo de agradecer...
A Casa de Maio foi mimada com dois prémios atribuídos, respectivamente pela Ka - O blog da Ka e pela Maria - O Cheiro da Ilha, agradeço sinceramente às duas esta manifestação de carinho, que retribuo com todo o gosto.
Devo dizer que não irei nomear, pois não quero magoar ninguém ao escolher uns ou outros. Quem visita a Casa, creio que já entendeu a minha forma de estar neste espaço, de puro prazer e descontracção - competição, mal-entendidos e outros afins - são doses servidas no dia-a-dia que já me bastam.
Pretendo assim manter nesta Casa um ambiente sereno e agradável, refugio para mim e para quem desejar visitá-la, pois serão sempre bem-vindos...
sexta-feira, 18 de janeiro de 2008
Geometria
A Imperfeição dos Nossos Sentidos
Se os nossos sentidos fossem perfeitos, não precisávamos de inteligência; nem as ideias abstractas de nada nos serviriam. A imperfeição dos nossos sentidos faz com que não concordemos em absoluto sobre um objecto ou um facto do exterior. Nas ideias abstractas concordamos em absoluto. Dois homens não vêem uma mesa da mesma maneira; mas ambos entendem a palavra «mesa» da mesma maneira. Só querendo visualizar uma coisa é que divergirão; isso, porém, não é a ideia abstracta da mesa.
Fernando Pessoa, in "Ricardo Reis - Prosa"
Geometria foi a palavra desta semana no Foto-dicionário do blogue Palavra Puxa Palavra , originou uma colecção de fotografias belíssimas que mostra como são curiosas as formas que contornam, a nossa vida quase sem se dar por isso...
Com esta fotografia participou a Casa de Maio.
quarta-feira, 16 de janeiro de 2008
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Na última gaveta...

Em vez d'um amanhã mais venturoso
Que os meus dias esperam devagar,
Só vejo sôbre mim sempre passar
Um mesmo hoje banal e duvidoso.
Cansou-me a alma já de tanto esperar...
Olhando ao longe pelo Além saudoso,
Procuro, ardente, êsse amanhã glorioso
Em que a luz de ontem voltarei a achar.
Perco do Tempo a percepção divina
Nesta ansiedade atroz que me domina,
Buscando reacender o extinto lume.
E o Tempo, indiferente ao que passou,
Prende-me a alma sempre ao mesmo vôo
Que num esperar contínuo se resume.
Oliva Guerra
domingo, 13 de janeiro de 2008
Autores
A selva escurecia rapidamente. O entrançado inferior diluía-se, perdia contornos e volumes na negridão que sobrevinha. Os recantos onde residia eterna sombra ampliavam-se, envolvendo e tragando os caules grossos e centenários. O verde rasteiro fora já absorvido; cá em baixo só pardejava a folhagem que a morte desprendera. A luz beijava agora apenas as franças mais altas, que se mostravam, finalmente, em toda a fantasia do seu recorte, sob um céu de azul morno e baço.
O silêncio tinha, enfim, uma síncope. A selva começava a falar no olvido da noite.
Ferreira de Castro
A Selva
quinta-feira, 10 de janeiro de 2008
Outra Janela...
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
segunda-feira, 7 de janeiro de 2008
Ao entardecer...
outros olhos
Há outros olhos,
sabes que há outros
olhos e hás-de procurá-los
sempre na combustão dos
astros, ou nos botões
das rosas. até à última
chama ou à primeira
pétala
Vasco Pontes
Dovoar
Há outros olhos,
sabes que há outros
olhos e hás-de procurá-los
sempre na combustão dos
astros, ou nos botões
das rosas. até à última
chama ou à primeira
pétala
Vasco Pontes
Dovoar
sábado, 5 de janeiro de 2008
1 2 3, diz outra vez!
Vamos cantar as janeiras
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras
Vamos cantar orvalhadas
Vamos cantar orvalhadas
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas
Vira o vento e muda a sorte
Vira o vento e muda a sorte
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte
Muita neve cai na serra
Muita neve cai na serra
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra
Quem tem a candeia acesa
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza
Já nos cansa esta lonjura
Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura
Zeca Afonso
Vamos cantar as janeiras
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas solteiras
Vamos cantar orvalhadas
Vamos cantar orvalhadas
Por esses quintais adentro vamos
Às raparigas casadas
Vira o vento e muda a sorte
Vira o vento e muda a sorte
Por aqueles olivais perdidos
Foi-se embora o vento norte
Muita neve cai na serra
Muita neve cai na serra
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem tem saudades da terra
Quem tem a candeia acesa
Quem tem a candeia acesa
Rabanadas pão e vinho novo
Matava a fome à pobreza
Já nos cansa esta lonjura
Já nos cansa esta lonjura
Só se lembra dos caminhos velhos
Quem anda à noite à ventura
Zeca Afonso
quinta-feira, 3 de janeiro de 2008
Ao entardecer...
No contorno das pedras, se imagina
a impaciência das águas no inverno,
quando a terra se encharca
do lamento dos ventos.
Carrego, comigo, um pavor de relâmpagos,
incendiados na rama das oliveiras.
E ando descalça, no ribeiro,
a procurar indícios da infância.
Graça Pires
Quando as estevas entraram no poema
a impaciência das águas no inverno,
quando a terra se encharca
do lamento dos ventos.
Carrego, comigo, um pavor de relâmpagos,
incendiados na rama das oliveiras.
E ando descalça, no ribeiro,
a procurar indícios da infância.
Graça Pires
Quando as estevas entraram no poema
terça-feira, 1 de janeiro de 2008
... era uma vez
Nasadiya, Hino Da Criação
1. Outrora não havia existência nem não-existência; não havia a dimensão do espaço nem o céu que está para além. O que despertou? Onde? Em protecção de quem? Haveria água, profundamente sem fundo?
2. Não havia morte nem imortalidade. Não havia traço distintivo da noite ou do dia. Aquele respirou, sem ar, por seu próprio impulso. Para além disso não havia nada além.
3. A escuridão era escondida pela escuridão no início; sem qualquer traço distintivo, tudo isto era água. A força vital que foi coberta pelo vazio, essa ergueu-se pelo poder do calor.
4. O Desejo desceu sobre aquela no início; foi a primeira semente da mente. Poetas procurando no seu coração com sabedoria encontraram a reclusão da existência na não-existência.
5. O seu fio foi espalhado em volta. Haveria abaixo? Haveria acima? Havia semeadores; havia forças. Havia o impulso por baixo; havia o dar acima.
6. Quem o sabe realmente? Quem o vai aqui proclamar? De onde foi produzido? De onde vem esta criação? Os deuses vieram depois, com a criação do universo. Quem sabe então de onde se ergueu?
7. De onde se ergueu esta criação - talvez se tenha formado a sim mesma, ou talvez não - aquele que o olha para baixo, no mais alto céu, só ele sabe - ou talvez não.
Índia
Rig Veda (c. 1200 a.c)
Trad. de Manuel João Magalhães, in "Rosa do Mundo".
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