Um Homem percorre o mundo inteiro em busca daquilo que precisa e volta a casa para encontrá-lo. "George Moore"
terça-feira, 16 de outubro de 2007
Ao anoitecer...
Não tenhas medo do amor. Pousa a tua mão
devagar sobre o peito da terra e sente respirar
no seu seio os nomes das coisas que ali estão a
crescer: o linho e a genciana; as ervilhas-de-cheiro
e as campainhas azuis; a menta perfumada para
as infusões do verão e a teia de raízes de um
pequeno loureiro que se organiza como uma rede
de veias na confusão de um corpo. A vida nunca
foi só inverno, nunca foi só bruma e desamparo.
Se bem que chova ainda, não te importes: pousa a
tua mão devagar sobre o teu peito e ouve o clamor
da tempestade que faz ruir os muros: explode no
teu coração um amor-perfeito, será doce o seu
pólen na corola de um beijo, não tenhas medo,
hão-de pedir-to quando chegar a primavera.
Maria do Rosário Pedreira
Nenhum Nome Depois
devagar sobre o peito da terra e sente respirar
no seu seio os nomes das coisas que ali estão a
crescer: o linho e a genciana; as ervilhas-de-cheiro
e as campainhas azuis; a menta perfumada para
as infusões do verão e a teia de raízes de um
pequeno loureiro que se organiza como uma rede
de veias na confusão de um corpo. A vida nunca
foi só inverno, nunca foi só bruma e desamparo.
Se bem que chova ainda, não te importes: pousa a
tua mão devagar sobre o teu peito e ouve o clamor
da tempestade que faz ruir os muros: explode no
teu coração um amor-perfeito, será doce o seu
pólen na corola de um beijo, não tenhas medo,
hão-de pedir-to quando chegar a primavera.
Maria do Rosário Pedreira
Nenhum Nome Depois
segunda-feira, 15 de outubro de 2007
domingo, 14 de outubro de 2007
Ao entardecer...
O Outono Passou em Paris
O Outono entrou ontem em Paris.
Pelo Boul' Mich deslizou furtivo,
no ar quente, sob a folhagem surda,
e encontrou-se comigo.
Vagava justamente para o Sena
e na minha alma ardiam achas-cantos:
fumosos, bizarros, tristes, vermelhos,
de morte me falando.
O Outono tocou-me e sussurrou algo,
estremeceu o Boulevard Saint-Michel,
zum,zum: revoluteavam no caminho
folhas de árvores, alegres.
Um minuto: o Verão nem se deu conta
e, rindo, O Outono fugiu de Paris.
Passou aqui; que passou só eu sei,
sob a folhagem de ais.
Ady Endre (Hungria 1877-1919)
Trad. Ernesto Rodrigues
O Outono entrou ontem em Paris.
Pelo Boul' Mich deslizou furtivo,
no ar quente, sob a folhagem surda,
e encontrou-se comigo.
Vagava justamente para o Sena
e na minha alma ardiam achas-cantos:
fumosos, bizarros, tristes, vermelhos,
de morte me falando.
O Outono tocou-me e sussurrou algo,
estremeceu o Boulevard Saint-Michel,
zum,zum: revoluteavam no caminho
folhas de árvores, alegres.
Um minuto: o Verão nem se deu conta
e, rindo, O Outono fugiu de Paris.
Passou aqui; que passou só eu sei,
sob a folhagem de ais.
Ady Endre (Hungria 1877-1919)
Trad. Ernesto Rodrigues
sábado, 13 de outubro de 2007
sexta-feira, 12 de outubro de 2007
Autores

Mas ninguém lê; eu trago este livro fechado à chave. Que mundo triste é este, em que a gente tem de trazer tudo fechado à chave...»
Musica ao Longe
Erico Veríssimo
Capa de Bernardo Marques
quarta-feira, 10 de outubro de 2007
Da janela sul...
segunda-feira, 8 de outubro de 2007
Tempo de agradecer...

Seguindo as regras do jogo, deveria atribuir este prémio a alguns dos visitantes da Casa, mas não o vou fazer, é impossível escolher somente alguns, de todos os que comentam ou apenas visitam a Casa, por isso TODOS estão eleitos para receberem este prémio.
Siga a roda ! diz o povo...
domingo, 7 de outubro de 2007
... era uma vez
Em Tomar...
A eleição do Castelo e da cidadela de Tomar para sede dos Pobres Cavaleiros de Jesus Cristo deveu-se a Gualdim Paes, mestre da Ordem, por comum acordo com Afonso Henriques, primeiro monarca português. Descobertas arqueológicas revelam que, antes dos Templários, o lugar de Tomar foi habitado, pelo menos desde a época tardo-romana, sendo uma urbe islamizada no tempo da reconquista cristã do século XII. O Templo de Jesus Cristo de Tomar foi profundamente influenciado por modelos religioso-arquitectónicos de Jerusalém, da época das Cruzadas, em especial pelo Templo da Rocha, onde os Templários tiveram a sua casa-mãe.
Convento de Cristo, um local a visitar.
Dados: Guia Convento de Cristo.
sábado, 6 de outubro de 2007
Pela 1ª vez...
A Casa de Maio nunca vos deu música, mas há sempre a 1ª vez.
Bom fim-de-semana a todos!
Maria P.
quinta-feira, 4 de outubro de 2007
quarta-feira, 3 de outubro de 2007
Na última gaveta...


«PARA-PIT-DA-PAT» é um pequeno relógio de bolso que, por infortúnio, é levado a fazer uma viagem subaquática, longa e cheia de aventuras. Como bingobongo - assim chamam os habitantes da Atla-Oceania a tudo o que vem «de cima» - «Para-Pit-da-Pat» assiste à feira colorida das medusas, onde se podem comprar barabatanas para pés e mãos (aqui pagam-se os caracóis do mar com dísticos e com quadras, que se recebem dos poetas do dinheiro). Ele visita a Academia das Esponjas, onde ensina o Juppe Escama, um peixósofo, assim como o arranha-mares, da Coralândia, a ilustre Punctula, rainha dos peixes, que nomeia «Para-Pit-da-Pat» primeiro peixe-relógio, e finalmente o Vale dos Monstros, onde habitam polvos, cracas e moreias.
Tropelias de um Relógio
Gisela Dannholz
Desenhos de Rolf Rettich
Ed. 1974
terça-feira, 2 de outubro de 2007
Canção De Outono.
O Outono toca realejo
No pátio da minha vida.
Velha canção, sempre a mesma,
Sob a vidraça descida...
Tristeza? Encanto? Desejo?
Como é possível sabê-lo?
Um gozo incerto e dorido
De carícia a contrapelo...
Partir, ó alma, que dizes?
Colher as horas, em suma...
Mas os caminhos de Outono
Vão dar em parte nenhuma!
Mário Quintana
No pátio da minha vida.
Velha canção, sempre a mesma,
Sob a vidraça descida...
Tristeza? Encanto? Desejo?
Como é possível sabê-lo?
Um gozo incerto e dorido
De carícia a contrapelo...
Partir, ó alma, que dizes?
Colher as horas, em suma...
Mas os caminhos de Outono
Vão dar em parte nenhuma!
Mário Quintana
domingo, 30 de setembro de 2007
Ao anoitecer...
Dançam; Dançam
Como se no mar as ondas
não se arqueassem o bastante.
Como se na terra as pedras
não se elevassem o bastante.
Como se no ar as nuvens
não rodassem o bastante.
Como se o azul planetário
não fosse o longe bastante.
Dançam.
Fiama Hasse Pais Brandão
As Fábulas
Como se no mar as ondas
não se arqueassem o bastante.
Como se na terra as pedras
não se elevassem o bastante.
Como se no ar as nuvens
não rodassem o bastante.
Como se o azul planetário
não fosse o longe bastante.
Dançam.
Fiama Hasse Pais Brandão
As Fábulas
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
terça-feira, 25 de setembro de 2007
segunda-feira, 24 de setembro de 2007
domingo, 23 de setembro de 2007
Autores...

[...]
Quantas vezes não correm atrás de uma loucura, como fanáticos, e quantas buscas de um ideal, como sonhadores? Na febre doida da troça ou na irreflectida prosápia das tradições de classe, vão até à impertinência, chegam até ao motim; mas tanto os defende o prestígio da própria mocidade, que não raras vezes lhe perdoa a gente a sua irreflectida audácia.
Depois, dispersos pela sociedade, noutro meio e noutra idade, por muito que tenham subido e mudado, nunca mais se lhes apaga a consoladora saudade daquela doida boémia, em plena alegria, no doirado mundo das ilusões, que nunca mais viram, que nunca mais encontraram. É uma longínqua aurora que se lhes reflecte na alma, tanto mais saudosa quanto mais distante!
António de Campos Júnior (1850-1917)Guerreiro e Monge - 6ª Ed. 1952
sábado, 22 de setembro de 2007
Ao amanhecer ...
A HORA DA PARTIDA
A hora da partida soa quando
Escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça.
A hora da partida soa quando
As árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse.
Soa quando no fundo dos espelhos
Me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida.
Sophia de Mello Breyner Andresen
A hora da partida soa quando
Escurece o jardim e o vento passa,
Estala o chão e as portas batem, quando
A noite cada nó em si deslaça.
A hora da partida soa quando
As árvores parecem inspiradas
Como se tudo nelas germinasse.
Soa quando no fundo dos espelhos
Me é estranha e longínqua a minha face
E de mim se desprende a minha vida.
Sophia de Mello Breyner Andresen
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
Ao anoitecer...
Guardava alguns silêncios e também as coisas
que não dissera por acaso. Guardava agora também
esses acasos, brancos recados entre as palavras
que lhe sobravam nas gavetas. E ainda assim guardaria
para sempre essas palavras, ou a imagem de lábios a
dizê-las - um rosto ainda sem ser triste lembrando o verão.
Teria aguardado esse verão, o cheiro quente dos morangos
à beira dos dedos. E tê-lo-ia sobretudo guardado,
como guardava agora, sem nunca o ter ouvido, o som
das espigas, na planície, à passagem do vento.
Mas agora só podia aguardar a passagem do tempo
sem palavras; ou um vento de feição, um acaso
que tudo justificasse. E no silêncio em que se ia guardando
buscava apenas um lugar mais sereno para as memórias.
Maria do Rosário Pedreira
A Casa e o Cheiro dos Livros
que não dissera por acaso. Guardava agora também
esses acasos, brancos recados entre as palavras
que lhe sobravam nas gavetas. E ainda assim guardaria
para sempre essas palavras, ou a imagem de lábios a
dizê-las - um rosto ainda sem ser triste lembrando o verão.
Teria aguardado esse verão, o cheiro quente dos morangos
à beira dos dedos. E tê-lo-ia sobretudo guardado,
como guardava agora, sem nunca o ter ouvido, o som
das espigas, na planície, à passagem do vento.
Mas agora só podia aguardar a passagem do tempo
sem palavras; ou um vento de feição, um acaso
que tudo justificasse. E no silêncio em que se ia guardando
buscava apenas um lugar mais sereno para as memórias.
Maria do Rosário Pedreira
A Casa e o Cheiro dos Livros
terça-feira, 18 de setembro de 2007
1 2 3, diz outra vez!
Pardal pardo, porque palras?
Palro sempre e palrarei
Porque sou o pardal pardo
E palrador del- rei.
domingo, 16 de setembro de 2007
sábado, 15 de setembro de 2007
Autores...
Semear, ceifar, malhar
são as três fases
essenciais da vida rural,
no fundo correspondentes
aos três tempos de tudo
o que vive e evoluciona à
superfície da terra.
Aquilino Ribeiro
são as três fases
essenciais da vida rural,
no fundo correspondentes
aos três tempos de tudo
o que vive e evoluciona à
superfície da terra.
Aquilino Ribeiro
sexta-feira, 14 de setembro de 2007
quinta-feira, 13 de setembro de 2007
1 2 3, diz outra vez!
Tenho um colarinho
Muito bem encolarinhado.
Foi o colarinhador
Que me encolarinhou
Este colarinho.
Vê se és capaz
De encolarinhar
Tão bem encolarinhado
Como o colarinhador
Que me encolarinhou
Este colarinho.
quarta-feira, 12 de setembro de 2007
Ao amanhecer ...
Uma árvore. Há muito que a viemos plantar. Hoje
as nossas mãos estremecem, procuram leves
gravuras perdidas na terra, agora humedecidas
pelo tempo que passa. Há-de ficar tudo
mais tranquilo e reconhecemos ainda a sombra
caída ao nosso lado. Este foi o segredo
que estava prometido e ainda nos pertence. Sabes
como as folhas são maiores quando as olhamos.
Fernando Guimarães
Lições de Trevas
as nossas mãos estremecem, procuram leves
gravuras perdidas na terra, agora humedecidas
pelo tempo que passa. Há-de ficar tudo
mais tranquilo e reconhecemos ainda a sombra
caída ao nosso lado. Este foi o segredo
que estava prometido e ainda nos pertence. Sabes
como as folhas são maiores quando as olhamos.
Fernando Guimarães
Lições de Trevas
domingo, 9 de setembro de 2007
Autores...

Quando havia uma passagem que lhe agradava especialmente, repetia-a muitas vezes, todas as que achasse necessárias para descobrir como a linguagem humana também pode ser bela.»
o velho que lia romances de amor
Luis Sepúlveda
sábado, 8 de setembro de 2007
Romance....
Nesta rentrée bloguista o jogo entre palavras e imagens começou da melhor forma mais uma vez no blogue Palavra Puxa Palavra, a palavra escolhida foi Romance. A Casa de Maio participou assim:
...cartas d'amor quem as não tem.
quinta-feira, 6 de setembro de 2007
terça-feira, 4 de setembro de 2007
Ao entardecer...
ESTUDO
Através da janela
mando
a negra razão
falar com a
paisagem.
Ernest Meister (Alemanha, 1911-1979)
Trad. de João Barrento.
Através da janela
mando
a negra razão
falar com a
paisagem.
Ernest Meister (Alemanha, 1911-1979)
Trad. de João Barrento.
domingo, 2 de setembro de 2007
Autores...
MADRUGADA
Rápidas mãos frias
retiram uma a uma
as vendas da sombra
Abro os olhos
Ainda
estou vivo
No centro
de uma ferida ainda fresca.
Octavio Paz (México, 1914-1998)
Trad. de José Bento
Rápidas mãos frias
retiram uma a uma
as vendas da sombra
Abro os olhos
Ainda
estou vivo
No centro
de uma ferida ainda fresca.
Octavio Paz (México, 1914-1998)
Trad. de José Bento
sexta-feira, 31 de agosto de 2007
quarta-feira, 29 de agosto de 2007
terça-feira, 28 de agosto de 2007
Ao entardecer...
Que é das palavras? Como chamar
por quem as esconde se, sem elas,
nem o silêncio tem nome?
Maria do Rosário Pedreira
O Canto do Vento nos Ciprestes
por quem as esconde se, sem elas,
nem o silêncio tem nome?
Maria do Rosário Pedreira
O Canto do Vento nos Ciprestes
Subscrever:
Mensagens (Atom)