Um Homem percorre o mundo inteiro em busca daquilo que precisa e volta a casa para encontrá-lo. "George Moore"
domingo, 28 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Da janela Norte...
Agora que em tuas mãos
jaz meu pensamento
convoca indelével a memória
dos deuses
e os ritos das oferendas
Maria A. Mitelo
«Entre Passáros e o Mar»
Etiquetas:
Fotografia: céu,
Poemas:que eu gosto...
terça-feira, 16 de fevereiro de 2010
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Autores
Coisa amar...
Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.
Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.
Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como dói
desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.
Manuel Alegre
Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.
Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.
Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como dói
desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.
Manuel Alegre
domingo, 7 de fevereiro de 2010
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
Leituras...
Sentir é criar. Sentir é pensar sem ideias, e por isso sentir é compreender, visto que o universo não tem ideias.
Fernando Pessoa
...e mais:
O sentir é um pensar extravagante.
Fernando Pessoa
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
Autores
Onde tão perto nasceste
era azul na manhã de estio
e de azul me inventaste
com as tuas mãos
e uma voz
como só as aves têm
E à nossa passagem
por brancos festejos precedida
se levantou de assombro
a última prece dos deuses
no tempo transbordado do amor
Maria Albertina Mitelo
Entre Pássaros e o Mar
era azul na manhã de estio
e de azul me inventaste
com as tuas mãos
e uma voz
como só as aves têm
E à nossa passagem
por brancos festejos precedida
se levantou de assombro
a última prece dos deuses
no tempo transbordado do amor
Maria Albertina Mitelo
Entre Pássaros e o Mar
sábado, 30 de janeiro de 2010
domingo, 24 de janeiro de 2010
Leituras...
Agora há uma dor que pousa nas palavras.
Não as digas - um nome basta para
dividir o coração. Se me esqueceste entre
um livro e outro, finge que não sei; despede-te
de mim como uma lâmpada antiga, deixa que
a tua sombra seja a minha única paisagem.
Maria do Rosário Pedreira
«Nenhum Nome Depois»
Não as digas - um nome basta para
dividir o coração. Se me esqueceste entre
um livro e outro, finge que não sei; despede-te
de mim como uma lâmpada antiga, deixa que
a tua sombra seja a minha única paisagem.
Maria do Rosário Pedreira
«Nenhum Nome Depois»
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
Autores
Descobri uma lei sublime, a lei da equivalência das janelas, e estabeleci que o modo de compensar uma janela fechada é abrir outra, a fim de que a moral possa arejar continuamente a consciência.
Machado de Assis
"Memórias Póstumas de Brás Cubas"
sexta-feira, 15 de janeiro de 2010
quarta-feira, 13 de janeiro de 2010
segunda-feira, 11 de janeiro de 2010
domingo, 10 de janeiro de 2010
Leituras...
se te observo
sinto-me servo duma obsessão
laçar abraço nos teus braços
atracção pelo belo palpável
côdea de pão escasso
se te contemplo
sou contigo templo e oração
num terno silêncio interno
limbo de inverno inferno
pão de forno de lenha
tão bela se te observo
tão meiga se te contemplo
Daniel Sant'iago
«Brinco de Palavras»
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
sábado, 2 de janeiro de 2010
Leituras...
É no momento que encerra a beleza de um gesto
que se prolonga a vida -
Na carne afeiçoada à mão apagam-se os sinais
de antigas fogueiras: o dilúvio do amor
veio lavar as cicatrizes deste mundo; e as pregas
de um rochedo que desafia o génio das marés
não lembram mais do que uma colcha amarrotada.
Agora, pode pintar-se o retrato do vento
nos esquadro da janela. O tempo não se mexe.
A vida, por um instante, é enorme.
Maria do Rosário Pedreira
O Canto do Vento nos Ciprestes
que se prolonga a vida -
Na carne afeiçoada à mão apagam-se os sinais
de antigas fogueiras: o dilúvio do amor
veio lavar as cicatrizes deste mundo; e as pregas
de um rochedo que desafia o génio das marés
não lembram mais do que uma colcha amarrotada.
Agora, pode pintar-se o retrato do vento
nos esquadro da janela. O tempo não se mexe.
A vida, por um instante, é enorme.
Maria do Rosário Pedreira
O Canto do Vento nos Ciprestes
quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
2010
sábado, 26 de dezembro de 2009
Autores
Um dia
Um dia, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.
O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados irreais
E há-de voltar aos nosso membros lassos
A leve rapidez dos animais.
Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais na voz do mar
E em nós germinará a sua fala.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Um dia, gastos, voltaremos
A viver livres como os animais
E mesmo tão cansados floriremos
Irmãos vivos do mar e dos pinhais.
O vento levará os mil cansaços
Dos gestos agitados irreais
E há-de voltar aos nosso membros lassos
A leve rapidez dos animais.
Só então poderemos caminhar
Através do mistério que se embala
No verde dos pinhais na voz do mar
E em nós germinará a sua fala.
Sophia de Mello Breyner Andresen
sábado, 19 de dezembro de 2009
...
As palavras de amizade e conforto podem ser curtas e sucintas, mas o seu eco é infindável.
Madre Teresa de Calcutá
Madre Teresa de Calcutá
segunda-feira, 14 de dezembro de 2009
Autores
A Forma Justa
Sei que seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos — se ninguém atraiçoasse — proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino
— Na concha na flor no homem e no fruto
Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo
Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo
Sophia de Mello Breyner Andresen
Sei que seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos — se ninguém atraiçoasse — proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino
— Na concha na flor no homem e no fruto
Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo
Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo
Sophia de Mello Breyner Andresen
quarta-feira, 9 de dezembro de 2009
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
Obrigada...
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Autores
Vida
Sempre a indesencorajada alma do homem
resoluta indo à luta.
(Os contingentes anteriores falharam?
Pois mandaremos novos contingentes
e outros mais novos.)
Sempre o cerrado mistério
de todas as idades deste mundo
antigas ou recentes;
sempre os ávidos olhos, hurras, palmas
de boas-vindas, o ruidoso aplauso;
sempre a alma insatisfeita,
curiosa e por fim não convencida,
lutando hoje como sempre,
batalhando como sempre.
Walt Whitman
Sempre a indesencorajada alma do homem
resoluta indo à luta.
(Os contingentes anteriores falharam?
Pois mandaremos novos contingentes
e outros mais novos.)
Sempre o cerrado mistério
de todas as idades deste mundo
antigas ou recentes;
sempre os ávidos olhos, hurras, palmas
de boas-vindas, o ruidoso aplauso;
sempre a alma insatisfeita,
curiosa e por fim não convencida,
lutando hoje como sempre,
batalhando como sempre.
Walt Whitman
terça-feira, 1 de dezembro de 2009
Da janela norte...
onde o frio aquece a saudade
onde o vento alinha o sentir
onde o branco pinta sorrisos...
Por lá
abrigo-me na montanha...
Maria P.
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
domingo, 22 de novembro de 2009
Leituras...
Tentar provar o futuro é muito mais interessante do que poder conhecê-lo. Como no jogo, não o ganhar, mas o poder ganhar. Porque nenhuma vitória se ganha se se não puder perder.
Vergílio Ferreira
Vergílio Ferreira
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
Autores
A Cor da Liberdade
Não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
e sempre a verdade vença,
qual será ser livre aqui,
não hei-de morrer sem saber.
Trocaram tudo em maldade,
é quase um crime viver.
Mas, embora encondam tudo
e me queiram cego e mudo,
não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
Jorge de Sena
Não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
Eu não posso senão ser
desta terra em que nasci.
Embora ao mundo pertença
e sempre a verdade vença,
qual será ser livre aqui,
não hei-de morrer sem saber.
Trocaram tudo em maldade,
é quase um crime viver.
Mas, embora encondam tudo
e me queiram cego e mudo,
não hei-de morrer sem saber
qual a cor da liberdade.
Jorge de Sena
sábado, 14 de novembro de 2009
Outra janela...
domingo, 8 de novembro de 2009
Autores
O Tempo Torna Tudo Irreal
O tempo, propriamente dito, não existe (excepto o presente como limite), e, no entanto, estamos submetidos a ele. É esta a nossa condição. Estamos submetidos ao que não existe. Quer se trate da duração passivamente sofrida - dor física, esperança, desgosto, remorso, medo -, quer do tempo organizado - ordem, método, necessidade -, nos dois casos, aquilo a que estamos submetidos, não existe. Estamos, realmente, presos por correntes irreais. O tempo, irreal, cobre todas as coisas e até nós mesmos, de irrealidade.
Simone Weil
«A Gravidade e a Graça»
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Autores
Um Amor
Aproximei-me de ti; e tu, pegando-me na mão,
puxaste-me para os teus olhos
transparentes como o fundo do mar para os afogados. Depois, na rua,
ainda apanhámos o crepúsculo.
As luzes acendiam-se nos autocarros; um ar
diferente inundava a cidade. Sentei-me
nos degraus do cais, em silêncio.
Lembro-me do som dos teus passos,
uma respiração apressada, ou um princípio de lágrimas,
e a tua figura luminosa atravessando a praça
até desaparecer. Ainda ali fiquei algum tempo, isto é,
o tempo suficiente para me aperceber de que, sem estares ali,
continuavas ao meu lado. E ainda hoje me acompanha
essa doente sensação que
me deixaste como amada ~
recordação.
Nuno Júdice
Aproximei-me de ti; e tu, pegando-me na mão,
puxaste-me para os teus olhos
transparentes como o fundo do mar para os afogados. Depois, na rua,
ainda apanhámos o crepúsculo.
As luzes acendiam-se nos autocarros; um ar
diferente inundava a cidade. Sentei-me
nos degraus do cais, em silêncio.
Lembro-me do som dos teus passos,
uma respiração apressada, ou um princípio de lágrimas,
e a tua figura luminosa atravessando a praça
até desaparecer. Ainda ali fiquei algum tempo, isto é,
o tempo suficiente para me aperceber de que, sem estares ali,
continuavas ao meu lado. E ainda hoje me acompanha
essa doente sensação que
me deixaste como amada ~
recordação.
Nuno Júdice
quinta-feira, 22 de outubro de 2009
Poesia...
Só a Natureza é Divina, e Ela não é Divina...
Só a natureza é divina, e ela não é divina...
Se falo dela como de um ente
É que para falar dela preciso usar da linguagem dos
homens
Que dá personalidade às cousas,
E impõe nome às cousas.
Mas as cousas não têm nome nem personalidade:
Existem, e o céu é grande a terra larga,
E o nosso coração do tamanho de um punho fechado...
Bendito seja eu por tudo quanto sei.
Gozo tudo isso como quem sabe que há o sol.
Alberto Caeiro
«O Guardador de Rebanhos - Poema XXVII»
Só a natureza é divina, e ela não é divina...
Se falo dela como de um ente
É que para falar dela preciso usar da linguagem dos
homens
Que dá personalidade às cousas,
E impõe nome às cousas.
Mas as cousas não têm nome nem personalidade:
Existem, e o céu é grande a terra larga,
E o nosso coração do tamanho de um punho fechado...
Bendito seja eu por tudo quanto sei.
Gozo tudo isso como quem sabe que há o sol.
Alberto Caeiro
«O Guardador de Rebanhos - Poema XXVII»
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