quarta-feira, 9 de agosto de 2006

... era uma vez

Lenda do Frade e o Passarinho

Reza a história que em tempos muito afastados, houve um frade, que enquanto rezava o ofício no côro, a sua atenção despertou pelo seguinte versículo da Salmódia :
«Mil anos à vista de Deus são como o dia de ontem que já passou».
Não entendia o frade o significado, pelo que, no fim orou com mais fervor a Deus para que lhe fizesse entender.
Saindo do côro e ao passar no claustro do convento, ouviu o canto de um passarinho que o fez parar. Aquela avezinha voou, pelo que o monge a seguiu na esperança de poder ouvir por mais um tempo, os seus belos cantos. Já um pouco afastado, perdeu de vista a ave que o encantara, facto que lhe causou muita tristeza e exclamou:
- Óh passarinho da minha alma, que tão belo e tão breve foi o teu cantar !
Em seguida regressou ao convento, porém reparou que a porta já não era no mesmo sítio. Achou tudo demasiado diferente e, ao bater, até o guardião do convento lhe parecia extremamente diferente:
- Quem bate e o que deseja, perguntou-lhe o Guardião ?
- Responde o Frade: um irmão e humilde frade deste convento.
- Como, se cá não falta ninguém - respondeu o guardião
- Falta sim ainda à nadinha saí no encalço de um passarinho, cujo o canto eu quis ouvir. Segui-o até à orla da mata e, tão logo se calou, me tornei ao convento. Como pois não me conheceis? ! É verdade também não vos conheço!!
Foi o porteiro chamar o D. Abade a quem narrara, intrigado o caso. Este não se surpreendeu menos e postos a desvendar o mistério, consultando livros e registos, constava o desaparecimento de um frade, mas sobre o qual já haviam passado 300 anos.
Nunca mais dele houvera rastos ou notícias.
Foi então que, concluíram. Ter sido aquele para quem miraculosamente trezentos anos se passaram num momento.
Assim ele compreendeu que para Deus não há diferença de tempo...

14 comentários:

OLHAR VAGABUNDO disse...

o tempo fascina me,assim como tua historia...
beijo vagabundo

yole disse...

No me digas que es demasiado!!!! ¿de verdad?
Besos fresquitos.

Maria P. disse...

Vagadundamente agradecida.

Claro que é verdade! Demasiado.
Grata pelo fresquitos!!

Joker disse...

O tempo...
O tempo...
Umas vezes é tão leve que parece que voa,
Outras vezes parece de chumbo...não avança...

é tão relativo!

M. disse...

Vejo que também aqui se fala do Tempo, essa personagem quase invisível com quem nos cruzamos na vida. História bonita.

Diafragma disse...

Mas que história bonita!

Anónimo disse...

É cada vez, com mais prazer, que venho visitar a tua Casa. Como sou tão bem recebida, voltarei sempre que puder...
Ah...esquecia-me do essencial...bonita história...
Beijinho

Teresa Durães disse...

o tempo... essa invenção do Homem que não entra no conceito dos Deuses/Deus...

Bonita história!

Fábio disse...

Alimentas-nos o vicio. Apetecia-me uma história destas a cada pequeno almoço. Não acredito em deus, mas a fábula é profundissima para além deste óbice. A relatividade do tempo. Aqui, em Maio, passa leve, levezinho.
Beijo grande e obrigado!

sem-comentarios disse...

Eu adorei ter este tempo para ler esse conto :)

Bj****

Manuel Veiga disse...

fascinante a tua história...

Maria P. disse...

Obrigada, e ainda bem que tiveram tempo para visitarem a Casa.

Uma boa noite a todos.

carteiro disse...

Esta lenda é lindíssima, nao conhecia. Ao falar do tempo deste modo, torna-se ainda mais intemporal. Gostei mesmo muito**

Maria P. disse...

Obrigada Postman, é importante para mim o teu comentário.
**