Amor Antigo
O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.
O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.
Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o amor antigo, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.
Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.
Carlos Drummond de Andrade
8 comentários:
Tanta verdade escondida nestas singelas palavras...
Gosto de Carlos D. Andrade :)
Los amores antiguos alumbran nuestros recuerdos hasta el último día.
Abrazos.
Obrigada pelas vossas palavras.
Um beijinho.
Naquele jantar ele perguntou-lhe: "Queres envelhecer a meu lado?" Respondeu que sim... Assim o fizeram.
lindo...
obrigada,Luís.
simples e absorvente! Ainda me lembro dos tempos em que o estudei... depois dai nunca mais o abandonei... vale a pena ler Drummond de Andrade, vale a pena passar pela tua casinha, Maio! :) *****
Obrigada pela tuas simpáticas palavras, Thinker.
Um beijinho de Maio.
Enviar um comentário