A Forma Justa
Sei que seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos — se ninguém atraiçoasse — proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino
— Na concha na flor no homem e no fruto
Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo
Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo
Sophia de Mello Breyner Andresen
4 comentários:
É um poema belo e estimulante. Bj
Sem capacidade para comentar Sophia.
Mas de braços abertos para te agradecer esta partilha e dar-te um sempre merecido abraço... que há-de ser ao vivo, um dia destes, porque tenho saudades...
Beijinho, minha Maria
é foi mesmo...
e que contributo.
bjs M. Maria Maio
recomeçar todos os dias
muito belo
beijo.
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