segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

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A Forma Justa

Sei que seria possível construir o mundo justo
As cidades poderiam ser claras e lavadas
Pelo canto dos espaços e das fontes
O céu o mar e a terra estão prontos
A saciar a nossa fome do terrestre
A terra onde estamos — se ninguém atraiçoasse — proporia
Cada dia a cada um a liberdade e o reino
— Na concha na flor no homem e no fruto
Se nada adoecer a própria forma é justa
E no todo se integra como palavra em verso
Sei que seria possível construir a forma justa
De uma cidade humana que fosse
Fiel à perfeição do universo

Por isso recomeço sem cessar a partir da página em branco
E este é meu ofício de poeta para a reconstrução do mundo

Sophia de Mello Breyner Andresen

4 comentários:

Unknown disse...

É um poema belo e estimulante. Bj

Maria disse...

Sem capacidade para comentar Sophia.
Mas de braços abertos para te agradecer esta partilha e dar-te um sempre merecido abraço... que há-de ser ao vivo, um dia destes, porque tenho saudades...

Beijinho, minha Maria

Luis Eme disse...

é foi mesmo...

e que contributo.

bjs M. Maria Maio

Manuel Veiga disse...

recomeçar todos os dias
muito belo
beijo.