segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Outra Janela...

era uma vez um nenúfar...


Autores

Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma revolução, alguns dizem que assim é que a natureza compôs as suas espécies.

Machado de Assis
«Histórias sem Data»

domingo, 28 de setembro de 2008

Da janela norte...

era uma vez um bosque...

Ao entardecer...

Dá-me a Tua Mão

Dá-me a tua mão: Vou agora te contar como entrei no inexpressivo que sempre foi a minha busca cega e secreta. De como entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois, de como vi a linha de mistério e fogo, e que é linha sub-reptícia. Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir-nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo, e a respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio.

Clarice Lispector

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Bom fim-de-semana...

naturalmente...


Autores

Não choro...

A dor não me pertence.

Vive fora de mim, na natureza,
livre como a electricidade.

Carrega os ceus de sombra,
entra nas plantas,
desfaz as flores...

Corre nas veias do ar,
atrai os abismos,
curva os pinheiros...

E em certos momentos de penumbra
iguala-me à paisagem,
Surge nos meus olhos
presa a um passaro a morrer
no céu indiferente.

Mas não choro. Não vale a pena!
A dor não é humana.

José Gomes Ferreira

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

a 4ª...

a casa

voz do povo


Quem deixa a casa em desordem herdará vento...

terça-feira, 23 de setembro de 2008

3ª de 4...

a janela


Autores

A saudade não está na distância das coisas, mas numa súbita fractura de nós, num quebrar de alma em que todas as coisas se afundam.

Vergílio Ferreira
«Conta-Corrente 3»

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

2ª de 4...

a porta

voz do povo


Nem sempre o diabo está atrás da porta.

domingo, 21 de setembro de 2008

1ª de 4...

a parede

Autores

Na ruína do nosso tempo, vê se escolhes o mais importante dela. Evitarás assim o ridículo de chorar a perda de um alfinete numa casa que te ardeu.

Vergílio Ferreira
«Escrever»

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Da janela sul...

era uma ponte

Autores

Nada me pertenceu - nem o vestido indecente
que pedi emprestado para te oferecer os seios, nem
os seios, que eram já teus muito antes do vestido.

O sorriso que devassou brevemente o meu rosto não
me pertenceu; porque ninguém o viu antes de ti,
nem o espelho se convenceu a devolver-mo.

Todas as coisas que a casa guardou quando partiste não
me pertenceram; porque, ao tocar-lhe nos dias mais
cinzentos, sinto que é pelo calor dos teus dedos que ainda
gritam; e mesmo a cama onde só teu corpo era bem-vindo
nunca chegou a ser inteiramente minha, pois, de contrário,
encontraria nela o meu lugar, e não o teu vazio.

Tu não me pertenceste - e, se uma vez acreditei que
acontecias dentro do meu corpo,das outras vi-te abraçar a
solidão com tanto ardor que concluí ser a memória quem
te mantinha vivo. O meu coração, contudo, sempre

te pertenceu - e a mão desesperada que o procura não
sente bater longe do teu peito. E mesmo os poemas todos
que escrevi não me pertenceram, porque essa vida
que pulsava no papel levaste-a tu contigo na hora
em que te foste - e a que tenho agora é mais
branca e vazia do que a morte, não é vida nem nada

que eu queira alguma vez que me pertença.

Maria do Rosário Pedreira
O Canto do Vento nos Ciprestes

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Outra Janela...

(a) vista


Autores

Para ver claramente, basta mudar a direcção do olhar.

Antoine Saint-Exupéry

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Da janela norte...

cerrada

Autores

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora, mas o amado já...

Pablo Neruda

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Outra Janela...

distante

Autores

Não Discuto

não discuto
com o destino

o que pintar
eu assino

Paulo Leminsk

domingo, 14 de setembro de 2008

Da janela sul...

serena

Autores

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.


Alexandre O'Neill

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Outra Janela... III

roupa com janelas, e candeeiro...

voz do povo


Sabedoria é viver conforme o dia.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Outra Janela... II

roupa com janelas, e flores...

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

a ler este mês...1


Acontece que, como sabem, sou muito vulnerável à beleza feminina. Todos nos sentimos indefesos contra alguma coisa, e a minha vulnerabilidade é essa. Vê-la cega-me para tudo o mais.

Philip Roth
«O Animal Moribundo»

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Outra Janela... I

roupa com janelas...

voz do povo

É preciso receber o bem conforme ele vem.

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

ups!...


La Rentrée bloguista mesmo a sério, está difícil...

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Outra Janela...

um olhar para ti...

Autores

Escuto

Escuto mas não sei
Se o que oiço é silêncio
Ou deus

Escuto sem saber se estou ouvindo
O ressoar das planícies do vazio
Ou a consciência atenta
Que nos confins do universo
Me decifra e fita

Apenas sei que caminho como quem
É olhado amado e conhecido
E por isso em cada gesto ponho
Solenidade e risco

Sophia de Mello Breyner Andresen