sábado, 31 de março de 2007

Ao meditar...

Somente o tempo em si mesmo é invulnerável...
Há transformações no espaço, mas que querem que aconteça no interior deste odre vazio, o tempo? Não é uma substância, não pode suceder-lhe nada daquilo que sucede aos seres perecíveis. Ainda uma vez: o espaço é guarnecido de elementos sólidos e líquidos, evoluciona, mas que querem que aconteça ao vazio?...
O tempo, mais não é que um invólucro, uma cavidade.
O tempo e o espaço... estranho casamento do material e do abstrato.

Elsa Triolet
JAMAIS

sexta-feira, 30 de março de 2007

Outra janela...

mais além

voz do povo

Vê-se, na adversidade, o que vale a amizade.

quinta-feira, 29 de março de 2007

Na última gaveta...

Lisboa
Castelo de São Jorge

Ao meditar...

Não Ames Por Muito Tempo

Amor, não ames por muito tempo;
Eu amei muito, muito,
E passei de moda
Como uma velha canção.
Nos anos da nossa juventude
Nenhum de nós conseguia distinguir
O seu pensamento do do outro
Pois éramos um só.
Mas ela, num momento, mudou
Oh, não ames por muito tempo,
Ou passarás de moda
Como uma velha canção.

William Butler Yeats

quarta-feira, 28 de março de 2007

Da janela sul...

dois caminhos

1 2 3, diz outra vez!

A minhoca
Seguida por um pardal
Pede ao rato se lhe vale
O rato
Que é um grande espertalhão
Dá-lhe logo salvação
O pardal
Quando chega só avista
Um rato curto de vista!

Cantilena tradicional.

terça-feira, 27 de março de 2007

... era uma vez

O Teatro
Durante séculos, o teatro foi o principal meio de satisfação de algumas necessidades humanas, tais como identificação, fantasia e catarse (purificação experimentada pelo espectador de certos sentimentos e emoções).
Ao longo da sua história, o teatro viveu momentos particularmente gloriosos: na Grécia; durante a Idade Média, e em especial por toda a Europa.
Independentemente do modo (comercial ou não) pelo qual uma encenação chega ao público, o fenómeno teatro só acontece quando o actor encontra uma audiência e com ela vive uma experiência em que ambos estão interessados e envolvidos. O mais fascinante desse fenómeno é o auto-engano consciente a que todos se submetem: a partir do momento em que o palco se ilumina e a plateia mergulha na escuridão, actores e público são cúmplices da mesma fantasia.

O Teatro é uma "Farsa"
Conhecer Universal, ed.1982.

segunda-feira, 26 de março de 2007

Da janela norte...

abrigo-agreste

Aforas

Folheio lentamente o Céu e vou seguindo com o dedo sobre o mapa diversos caminhos, que a minha memória anima de paisagens coloridas e de acontecimentos ruidosos.
E gosto.

domingo, 25 de março de 2007

CASA DE MAIO



Começou faz hoje 1 ano.

Obrigada a todos pela companhia.



Maria Pedrógão

sábado, 24 de março de 2007

Outra janela...

sombra de recortes

Ao meditar...

Vivemos de Palavras.
Nenhum de nós sabe o que existe e o que não existe. Vivemos de palavras. Vamos até à cova com palavras. Submetem-nos, subjugam-nos. Pesam toneladas, têm a espessura de montanhas. São as palavras que nos contêm, são as palavras que nos conduzem.
Mas há momentos em que cada um redobra de proporções, há momentos em que a vida se me afigura iluminada por outra claridade. Há momentos em que cada um grita: - Eu não vivi! eu não vivi! eu não vivi! - Há momentos em que deparamos com outra figura maior, que nos mete medo. A vida é só isto?

Raul Brandão
in «Húmus»

sexta-feira, 23 de março de 2007

Da janela norte...

flor-da-noite

Ao meditar...

Coisa Amar
Contar-te longamente as perigosas
coisas do mar. Contar-te o amor ardente
e as ilhas que só há no verbo amar.
Contar-te longamente longamente.

Amor ardente. Amor ardente. E mar.
Contar-te longamente as misteriosas
maravilhas do verbo navegar.
E mar. Amar: as coisas perigosas.

Contar-te longamente que já foi
num tempo doce coisa amar. E mar.
Contar-te longamente como doi

desembarcar nas ilhas misteriosas.
Contar-te o mar ardente e o verbo amar.
E longamente as coisas perigosas.

Manuel Alegre

quinta-feira, 22 de março de 2007

Outra janela...

a perder...

Aforas

Gosto de sentir uma (aquela) mão.
Não gosto de sentir um (aquele) abraço, pode ser despedida.

quarta-feira, 21 de março de 2007

Da janela sul...

margem sem ponte

Ao meditar...

O espírito
Nada a fazer amor, eu sou do bando
Impermanente das aves friorentas;
E nos galhos dos anos desbotando
Já as folhas me ofuscam macilentas;

E vou com as andorinhas. Até quando?
À vida breve não perguntes: cruentas
Rugas me humilham. Não mais em estilo brando
Ave estroina serei em mãos sedentas.

Pensa-me eterna que o eterno gera
Quem na amada o conjura. Além, mais alto,
Em ileso beiral, aí espera:

Andorinha indemne ao sobressalto
Do tempo, núncia de perene primavera.
Confia. Eu sou romântica. Não falto.

Natália Correia

terça-feira, 20 de março de 2007

Outra janela...

de partida...

voz do povo

Começado e não acabado, vale por estragado.

segunda-feira, 19 de março de 2007

Da janela norte...

desalinho ?

mitos & milho-rei

Vulcano,
Deus do fogo, filho de Júpiter e de Juno.
Extremamente feio, Júpiter lançou-o para fora do céu; foi cair na Ilha de Lemnos, quebrou uma perna e ficou coxo. Desposou Vénus, que não o pôde suportar, por causa da sua fealdade e lhe foi muitas fezes infiel.
Vulcano fabricava raios para Júpiter, que com eles ficou furioso na luta contra os gigantes, que queriam apoderar-se do céu.
Vulcano tinha as suas forjas nas ilhas de Lemnos e Líparo e ainda no interior do monte Etna, na Sicília, onde trabalham os ciclopes, seus oficiais, que tinham um só olho a meio da testa.
Vulcano representa-se geralmente acompanhado por Vénus, como figura central.

domingo, 18 de março de 2007

Outra janela...

raízes d'água

... era uma vez

Vastos horizontes

As grutas de Alvados estão localizadas no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros. Foram descobertas em 1964 por um grupo de trabalhadores das pedreiras de mármores da Serra dos Candeeiros, durante o percurso entre casa e a pedreira ouviam barulhos de pedras que caiam por um barranco, ao atirarem algumas, a demora na queda deu para perceber que seria profundo.
Uma improvisada descida foi preparada e o que descobriram foi de tal forma espectacular que depressa se espalhou a notícia - uma fantástica gruta.
Foram várias as pessoas que trabalharam durante dois anos para a abertura de túneis, a gruta é constituída por uma sucessão de salas de estalagmites e estalactites, ligadas entre si.
Os seus lagos e gigantescas colunas fazem das grutas de Alvados um singular tesouro a visitar.

Ao amanhecer ...

com um brilhozinho...

sábado, 17 de março de 2007

Ao meditar...

Há pessoas que nos falam
e não as escutamos;
há pessoas que nos ferem
e não deixam nem cicatriz,
mas há pessoas que simplesmente
aparecem na nossa vida
e nos marcam para sempre.


Cecília Meireles

quinta-feira, 15 de março de 2007

Outra janela...

cercado

Ao meditar...

OS POEMAS
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti...

Mário Quintana
in Esconderijos do Tempo

quarta-feira, 14 de março de 2007

Na última gaveta...

Mirandela

voz do povo

Há sol que rega e água que seca.

terça-feira, 13 de março de 2007

Outra janela...

duplos

Aforas

Gosto de calmas preenchidas.
Não gosto de calmas vazias.

segunda-feira, 12 de março de 2007

Da janela sul...

nascer na outra margem

... era uma vez

Margaridas
As margaridas são as flores que abrem mal nasce o dia, por isso foi-lhes dado o nome olhos do dia.
Na tradução do grego margarida significa pérola. As margaridas brancas ou cor-de-rosa decoram os nossos canteiros, existe uma lenda relacionada com o seu aparecimento:
Uma menina pequenina sussurrou um pedido ao céu da noite:
-Oh estrelas! Por favor, queria que se transformassem em flores, para que eu pudesse brincar com vocês.
As estrelas reflectiram num orvalho matinal e quando a menina acordou, viu muitas margaridas prateadas no seu jardim. Então o Sol perguntou de manhã à margarida:
-Estás feliz? Tens algum desejo?
Obrigado - respondeu a margarida - estou feliz. Mas deixa-me florescer todas as estações, para poder alegrar as crianças. Depois o Sol tocou na margarida com os seus raios solares e deixou no meio da flor um círculo amarelo.
As margaridas são consideradas o símbolo da bondade e do afecto.

domingo, 11 de março de 2007

Ao entardecer...















Sossego
de muralhas no meio do manto rio e memória. Perco-me sem me procurar. Desejo nunca me encontrar. No rio. No alto do castelo. No meio do nevoeiro. Que de lá tudo se torna mais claro. Eu.

Pedro Branco

sábado, 10 de março de 2007

Para ti...

NOITE

Noite de folha em folha murmurada,
Branca de mil silêncios, negra de astros,
Com desertos de sombra e luar, dança
Imperceptível em gestos quietos.

Sophia de Mello B. Andresen

sexta-feira, 9 de março de 2007

Outra janela...

assim alheio

Aforas

Gosto do jogo entre o branco e o negro - em cada rua da cidade.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Da janela sul...

lugar perdido

Ao meditar...

OS DEGRAUS

Não desças os degraus do sonho
Para não despertares os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...

Mário Quintana

quarta-feira, 7 de março de 2007

Da janela norte...

ruela dos passos

voz do povo

Em Março chove cada dia um pedaço.

terça-feira, 6 de março de 2007

Na última gaveta...

Sintra

1 2 3, diz outra vez!


Pico, pico saranico,
Quem te deu tamanho bico?
Foi a filha da rainha
Que está presa na cozinha.
Salta a pulga na balança
Dá um pulo vai pra França.
As meninas a correr
As meninas a aprender
A mais bonita de todas
Comigo se há-de esconder.

Lenga-lenga tradicional.

segunda-feira, 5 de março de 2007

Da janela sul...

18 degraus e um Tempo

domingo, 4 de março de 2007

Ao entardecer...

Nas paredes sem limites
portas batem
chiando gonzos.
Fabulosas gavetas
com o roer dos bichos
nos favos do tempo.
A voz paralisada
nasce e hesita
nas constelações
súbito estáticas.

O amor tem medo.

Fernando Namora
«Odes», in Nome para uma Casa

Outra janela...

azul caído...

... era uma vez

Vastos horizontes
O Minho caracteriza-se pela policultura, mas a vinha e os milheirais é que dominam, dando aos campos, pela forma de cultivo um quadro de exuberâncias verdejantes.
O Minhoto é sóbrio, trabalhador, poupado e alegre. O canto é um dos seus melhores companheiros de trabalho. É industrioso, sabe negociar nas feiras, gosta ele mesmo de alfaiar a sua casa de pedra escura, em geral de sobrado, com a corte do gado, cobertos e a eira em boa vizinhança, e o indispensável terreiro, com o solo bem batido, e à vista do Espigueiro.
A feira, a romaria, as festas agrícolas, são grandes e expressivos eventos da alegria minhota. Os seus trajos, o peito constelado de oiros, o coração cheio de entusiasmo.
E feira-se, e baila-se, e canta-se.

sexta-feira, 2 de março de 2007

Da janela sul...

as brumas da memória

quinta-feira, 1 de março de 2007

Aforas

Gosto da secreta inquietação do pensamento em Dó.
Gosto da noite que transborda as margens em Si.

Da janela norte...

cantata