sábado, 24 de março de 2007

Ao meditar...

Vivemos de Palavras.
Nenhum de nós sabe o que existe e o que não existe. Vivemos de palavras. Vamos até à cova com palavras. Submetem-nos, subjugam-nos. Pesam toneladas, têm a espessura de montanhas. São as palavras que nos contêm, são as palavras que nos conduzem.
Mas há momentos em que cada um redobra de proporções, há momentos em que a vida se me afigura iluminada por outra claridade. Há momentos em que cada um grita: - Eu não vivi! eu não vivi! eu não vivi! - Há momentos em que deparamos com outra figura maior, que nos mete medo. A vida é só isto?

Raul Brandão
in «Húmus»

3 comentários:

poetaeusou . . . disse...

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Na revessa do cabedelo apanha o pimpão e a faneca e com a chincha o peixe miúdo nos charcos da vazante. Todos os dias sai no caíque para largar os espinéis, ou vai na robaleira para a boca da barra. O Teca, apesar de velho como a serpe, não tem idade determinada: conserva o cabelo cor de estopa sem uma branca, e os dentes todos. E com esta é a quarta vez que casa.
in) raul brandão - Os Pescadores
*
bj)
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mfc disse...

Raul Brandão pedia mais.
A vida é para ser vivida intensamente. É o mínimo exigível.

M. disse...

Belíssimo texto! Não conhecia.