Mas que sei eu
Mas que sei eu das folhas no outono
ao vento vorazmente arremessadas
quando eu passo pelas madrugadas
tal como passaria qualquer dono?
Eu sei que é vão o vento e lento o sono
e acabam coisas mal principiadas
no ínvio precipício das geadas
que pressinto no meu fundo abandono
Nenhum súbito lamenta
a dor de assim passar que me atormenta
e me ergue no ar como outra folha
qualquer. Mas eu sei que sei destas manhãs?
As coisas vêm vão e são tão vãs
como este olhar que ignoro que me olha
6 comentários:
Um ligeiro sabor no início e no fim a Alberto Caeiro!
Abraço
Sabia tanto... como por exemplo escrever assim!
Beijinho, minha Maria.
Rosa, concordo.
Maria, e partiu tão cedo...
Beijinhos, minha Maria, minha Rosa:)
Triste e sereno como uma tarde de Outono, este belíssimo poema de RB
Abraço
Eu adoro-as (as folhas de Outono) mas sei tão pouco delas.
Gostei de aprender mais sobre elas
Beijo
João
Maravilhoso!
A musicalidade, o ritmo, a rima... Tudo com conta peso e medida.
Só para grandes poetas.
Um beijo
Enviar um comentário