segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Palavras de Ruy Belo

Mas que sei eu

Mas que sei eu das folhas no outono
ao vento vorazmente arremessadas
quando eu passo pelas madrugadas
tal como passaria qualquer dono?
Eu sei que é vão o vento e lento o sono
e acabam coisas mal principiadas
no ínvio precipício das geadas
que pressinto no meu fundo abandono
Nenhum súbito lamenta
a dor de assim passar que me atormenta
e me ergue no ar como outra folha
qualquer. Mas eu sei que sei destas manhãs?
As coisas vêm vão e são tão vãs
como este olhar que ignoro que me olha

6 comentários:

Rosa dos Ventos disse...

Um ligeiro sabor no início e no fim a Alberto Caeiro!

Abraço

Maria disse...

Sabia tanto... como por exemplo escrever assim!

Beijinho, minha Maria.

Maria P. disse...

Rosa, concordo.

Maria, e partiu tão cedo...

Beijinhos, minha Maria, minha Rosa:)

Justine disse...

Triste e sereno como uma tarde de Outono, este belíssimo poema de RB
Abraço

João P. disse...

Eu adoro-as (as folhas de Outono) mas sei tão pouco delas.

Gostei de aprender mais sobre elas

Beijo

João

Lídia Borges disse...

Maravilhoso!

A musicalidade, o ritmo, a rima... Tudo com conta peso e medida.
Só para grandes poetas.

Um beijo