quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Re-leituras

Não tenhas medo do amor. Pousa a tua mão
devagar sobre o peito da terra e sente respirar
no seu seio os nomes das coisas que ali estão a
crescer: o linho e a genciana; as ervilhas-de-cheiro
e as campainhas azuis; a menta perfumada para
as infusões do verão e a teia de raízes de um
pequeno loureiro que se organiza como uma rede
de veias na confusão de um corpo. A vida nunca

foi só inverno, nunca foi só bruma e desamparo.
Se bem que chova ainda, não te importes: pousa a
tua mão devagar sobre o teu peito e ouve o clamor
da tempestade que faz ruir os muros: explode no
teu coração um amor-perfeito, será doce o seu
pólen na corola de um beijo, não tenhas medo,
hão-de pedir-to quando chegar a primavera.

Maria do Rosário Pedreira
Nenhum Nome Depois

4 comentários:

Luis Eme disse...

então vou esperar pela Primavera...

beijinhos Maria Maio

Mar Arável disse...


Vou tentar

mas ainda aguardo os belos relâmpagos

Manuel Veiga disse...

belo poema e excelente escolha.

beijo

Daniel C.da Silva disse...

Belíssimo...