Diz-me o teu nome - agora, que perdi
quase tudo, um nome pode ser o
princípio
de alguma coisa. Escreve-o na minha mão
com os teus dedos -
como as poeiras se
escrevem, irrequietas, nos caminhos e os
lobos mancham
o lençol da neve com os
sinais da sua fome. Sopra-mo no ouvido,
como a
levares as palavras de um livro para
dentro de outro - assim conquista o
vento
o tímpano das grutas e entra o bafo do verão
na casa fria. E, antes
de partires, pousa-o
nos meus lábios devagar: é um poema
açucarado que
se derrete na boca e arde
como a primeira menta da infância.
Ninguém
esquece um corpo que teve
nos braços um segundo - um nome sim.
Maria do Rosário Pedreira
4 comentários:
é bonito e quase verdadeiro...
beijinhos Maria Maio
"dou-te meu nome, dou-te minha vida..."
poema muito belo.
beijo
Luís,
quase...
Beijinho*
Herético,
belíssimo!
Beijinho*
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