sábado, 19 de maio de 2012

Porque Gosto.

Diz-me o teu nome - agora, que perdi
quase tudo, um nome pode ser o princípio
de alguma coisa. Escreve-o na minha mão

com os teus dedos - como as poeiras se
escrevem, irrequietas, nos caminhos e os
lobos mancham o lençol da neve com os
sinais da sua fome. Sopra-mo no ouvido,

como a levares as palavras de um livro para
dentro de outro - assim conquista o vento
o tímpano das grutas e entra o bafo do verão
na casa fria. E, antes de partires, pousa-o

nos meus lábios devagar: é um poema
açucarado que se derrete na boca e arde
como a primeira menta da infância.

Ninguém esquece um corpo que teve
nos braços um segundo - um nome sim.

Maria do Rosário Pedreira

4 comentários:

Luis Eme disse...

é bonito e quase verdadeiro...

beijinhos Maria Maio

Manuel Veiga disse...

"dou-te meu nome, dou-te minha vida..."

poema muito belo.

beijo

Maria P. disse...

Luís,
quase...

Beijinho*

Maria P. disse...

Herético,

belíssimo!

Beijinho*