SOBRE O SEU RETRATO
Quando a idade fizer de mim o que agora não sou;
E cada ruga me disser onde o arado
Do tempo sulcou; quando o Gelo fluir
Atravessando cada veia e toda a minha cabeça se cobrir de neve:
Quando a morte exibir o seu frio sobre as minhas faces,
E eu, a mim mesmo o meu próprio Retrato procurar,
Não encontrando o que sou, mas o que fui;
Duvidando em qual acreditar, neste ou no meu espelho;
Embora eu mude, este permanecerá o mesmo;
Tal como foi desenhado, reterá a compleição primitiva
E a tez primeira; aqui poderão ainda ver-se
Sangue nas faces e uma Penugem sobre o queixo.
Aqui a testa permanecerá lisa, o olhar intenso,
O Lábio rosado e o cabelo de cor jovem.
Contemplai que fragilidade podemos ver no homem,
Cuja Sombra é menos do que ele propensa à mudança.
Thomas Randolph (1605-1635)
Trad. de Cecília Rego Pinheiro
8 comentários:
Maria, que poema tão triste num dia tão lindo de Verão!
pois... a nossa sombra pouco muda!
Pitanga,
por vezes o nevoeiro (cá dentro) é mais forte...
MFC,
será...
Maria, sei tudo desse nevoeiro!
Eu também sou muito entendida em nevoeiro e em noites de breu...
Mas é melhor olhar para o céu azul do que para o espelho! :-))
poema muito belo...
de excelência
beijos
O retrato jamais é o reflexo do eu.
O poema é o espelho da alma.
Lindo
Bj.
Pitanga,
acho que sabes...
Rosa,
tens razão...
Herético,
são leituras de fim-de-semana...
Matesa,
certas as tuas palavras...
Beijinho a todos*
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