quinta-feira, 3 de junho de 2010

Autores

Ternura

Desvio dos ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada...
Olho a roupa no chão: que tempestade!

Há restos de ternura pelo meio
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio...

Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo...

Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!

David Morão-Ferreira
Infinito Pessoal

5 comentários:

Manuel Veiga disse...

belo e apaixonante poema.

beijo

Luis Eme disse...

é muito bonito...

bjs M. Maria Maio

Maria disse...

Um dos meus poemas preferidos de DMF...

Beijinho, minha Maria!

poetaeusou . . . disse...

*
ternura,
é a candura de um gesto !
,
serenas maresias,
,
*

Maria P. disse...

Só para dizer que deste autor é este o "meu" poema...

Beijinhos a todos*