terça-feira, 5 de julho de 2011

Leituras

Quanto Mais Amada Mais Desisto

De amor nada mais resta que um Outubro
e quanto mais amada mais desisto:
quanto mais tu me despes mais me cubro
e quanto mais me escondo mais me avisto.

E sei que mais te enleio e te deslumbro
porque se mais me ofusco mais existo.
Por dentro me ilumino, sol oculto,
por fora te ajoelho, corpo místico.

Não me acordes. Estou morta na quermesse
dos teus beijos. Etérea, a minha espécie
nem teus zelos amantes a demovem.

Mas quanto mais em nuvem me desfaço
mais de terra e de fogo é o abraço
com que na carne queres reter-me jovem.

Natália Correia

8 comentários:

Vítor Fernandes disse...

Muito bonito.

João P. disse...

Maria:

este é o tipo de poesia que adoro e também adoro escrever.

Opostos. Que força têm eles!

Beijo e obrigado

João

Luis Eme disse...

belo soneto.

beijinho M. Maria Maio

mfc disse...

Belíssimo!
Ela trabalhava tão bem as palavras!

Pitanga Doce disse...

"Nada mais resta que um Outubro"... e quando outro virá?

Manuel Veiga disse...

Outubro luminoso...

muito belo

beijos

Maria disse...

Belo!

Beijinho, minha Maria.

Rosa dos Ventos disse...

Embora não conhecesse o poema à medida que avançava ia pensando que era da Natália Correia e não errei!
Belíssimo!

Abraço