Um Homem percorre o mundo inteiro em busca daquilo que precisa e volta a casa para encontrá-lo. "George Moore"
terça-feira, 30 de dezembro de 2008
segunda-feira, 29 de dezembro de 2008
sábado, 27 de dezembro de 2008
Outra Janela...
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
Outra Janela...
Construíste na montanha a tua casa,
escondida a meia encosta, apartada
da cidade dos homens e distante
de todas as tuas outras casas.
É lá teu refúgio, é lá que guardas
o que mais vale em ti, o que mais prezas:
Farrapos de arco-íris, uns quantos raios
de luz, alguns cheiros da terra, do feno e
dos cavalos. Muitas danças: danças de
animais e homens, sinfonias de corpos, de
nervos e de músculos. Vários sons do ar
e canções de cristal encostadas a
um punhado de palavras plenas de sentidos.
É para aí que vais quando precisas
de fugir do mundo para te encontrares
contigo. Ai te bastas tu e o teu espírito e
o velho bordão de oliveira brava.
Aí te bastas; mas manténs a porta aberta
e muitos presentes preparados. De vez em quando,
lanças os olhos longe no caminho, esperas ouvir
os improváveis passos doutros caminheiros.
Vasco Pontes
sábado, 20 de dezembro de 2008
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Outra Janela...
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
Da janela norte...
não me cures
porque se me curares
deixas de te preocupar comigo
eu
que te afligia
porque se me cuidares
continuas a olhar
por mim
sem fim
Daniel Sant'Iago
quarta-feira, 17 de dezembro de 2008
Outra Janela...
Amor como em Casa
Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.
Manuel António Pina
Regresso devagar ao teu
sorriso como quem volta a casa. Faço de conta que
não é nada comigo. Distraído percorro
o caminho familiar da saudade,
pequeninas coisas me prendem,
uma tarde num café, um livro. Devagar
te amo e às vezes depressa,
meu amor, e às vezes faço coisas que não devo,
regresso devagar a tua casa,
compro um livro, entro no
amor como em casa.
Manuel António Pina
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
Autores
Dizem, meu amor, que neste inverno os ventos
passarão a mão pela seara e levarão o trigo;
que os dias serão escuros e frios - e tão curtos
que neles não caberá paixão alguma, por pequena
que seja. Contam que punhais de chuva se abaterão
sobre os pomares; e que as árvores crescerão
como feixes de serpentes, procurando ganhar
desesperadamente o céu. E acrescentam que
os pássaros adivinham tudo isto e que por isso
se calam de manhã - ouço-os bater as asas
num aceno triste; partem para o sul, dizem,
se dizem a verdade.
Só a casa ficará de pé a olhar a planície. E
dentro dela os sonhos e as recordações do verão -
retratos dos lugares que nunca visitámos, uma camisa
de linho no espaldar da cadeira, um livro para sempre
interrompido sobre a cama. Ouvíamos uma canção triste
na grafonola velha. Dançaríamos o ano inteiro, disseram
uma noite ao ver-nos atravessar a sombra da lua.
Ignoravam, então, o inverno.
Maria do Rosário Pedreira
A Casa e o Cheiro dos Livros
passarão a mão pela seara e levarão o trigo;
que os dias serão escuros e frios - e tão curtos
que neles não caberá paixão alguma, por pequena
que seja. Contam que punhais de chuva se abaterão
sobre os pomares; e que as árvores crescerão
como feixes de serpentes, procurando ganhar
desesperadamente o céu. E acrescentam que
os pássaros adivinham tudo isto e que por isso
se calam de manhã - ouço-os bater as asas
num aceno triste; partem para o sul, dizem,
se dizem a verdade.
Só a casa ficará de pé a olhar a planície. E
dentro dela os sonhos e as recordações do verão -
retratos dos lugares que nunca visitámos, uma camisa
de linho no espaldar da cadeira, um livro para sempre
interrompido sobre a cama. Ouvíamos uma canção triste
na grafonola velha. Dançaríamos o ano inteiro, disseram
uma noite ao ver-nos atravessar a sombra da lua.
Ignoravam, então, o inverno.
Maria do Rosário Pedreira
A Casa e o Cheiro dos Livros
segunda-feira, 8 de dezembro de 2008
Autores
Pareço egoísta àqueles que, por um egoísmo absorvente, exigem a dedicação dos outros como um tributo.
Fernando Pessoa
domingo, 7 de dezembro de 2008
Autores
O Poeta é um Guardador
o poeta é um guardador
guarda a diferença
guarda da indiferença
no incerto
guarda a certeza da voz
Ana Hatherly
o poeta é um guardador
guarda a diferença
guarda da indiferença
no incerto
guarda a certeza da voz
Ana Hatherly
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
Outra Janela...
quarta-feira, 3 de dezembro de 2008
segunda-feira, 1 de dezembro de 2008
Autores
Poema para Iludir a Vida
Tudo na vida está em esquecer o dia que passa.
Não importa que hoje seja qualquer coisa triste,
um cedro, areias, raízes,
ou asa de anjo
caída num paul.
O navio que passou além da barra
já não lembra a barra.
Tu o olhas nas estranhas águas que ele há-de sulcar
e nas estranhas gentes que o esperam em estranhos
[portos.
Hoje corre-te um rio dos olhos
e dos olhos arrancas limos e morcegos.
Ah, mas a tua vitória está em saber que não é hoje
[o fim
e que há certezas, firmes e belas,
que nem os olhos vesgos
podem negar.
Hoje é o dia de amanhã.
Fernando Namora
«Mar de Sargaços»
Tudo na vida está em esquecer o dia que passa.
Não importa que hoje seja qualquer coisa triste,
um cedro, areias, raízes,
ou asa de anjo
caída num paul.
O navio que passou além da barra
já não lembra a barra.
Tu o olhas nas estranhas águas que ele há-de sulcar
e nas estranhas gentes que o esperam em estranhos
[portos.
Hoje corre-te um rio dos olhos
e dos olhos arrancas limos e morcegos.
Ah, mas a tua vitória está em saber que não é hoje
[o fim
e que há certezas, firmes e belas,
que nem os olhos vesgos
podem negar.
Hoje é o dia de amanhã.
Fernando Namora
«Mar de Sargaços»
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