domingo, 12 de dezembro de 2010

Leituras...

Balada para um Homem na Multidão

Este homem que entre a multidão
enternece por vezes destacar
é sempre o mesmo aqui ou no japão
a diferença é ele ignorar.

Muitos mortos foram necessários
para formar seus dentes um cabelo
vai movido por pés involuntários
e endoidece ser eu a percebê-lo.

Sentam-no à mesa de um café
num andaime ou sob um pinheiro
tanto faz desde que se esqueça
que é homem à espera que cresça
a árvore que dá dinheiro.

Alimentam-no do ar proibido
de um sonho que não é dele
não tem mais que esse frasco de vidro
para fechar a estrela do norte.
E só o seu corpo abolido
lhe pertence na hora da morte.

Natália Correia
«O Vinho e a Lira»

3 comentários:

Maria disse...

Esta Mulher escreveu poemas enormes! Tão grandes como a sua truculência!
Obrigada pela partilha.

Beijinho, minha Maria!

João P. disse...

Maria P.

Desconhecia e é bem verdadeiro (infelizmente!)

Obrigado

João

Luis Eme disse...

um poema no minimo estranho...

beijinho M. Maria Maio