quarta-feira, 13 de maio de 2009

29 flores, um poema.


Na manhã azul...
Na manhã azul o som ouviu-se inconfundível.
Apurei o ouvido, não tinha dúvidas.Fui à varanda, o som ouvia-se mais nítido e depois o homem surgiu com a bicicleta à mão, com aquele ar de senhor do mundo, assobiando no seu realejo.Era um amolador de facas e tesouras , daqueles que também concertam chapéus e alguidares...E logo a minha memória evocou a minha mãe e avó paterna a procurarem as facas que já não cortavam bem, assim como as tesouras.E assistia com espanto à obra de arte que era gatear um prato de estimação ou um alguidar enorme onde a carne para as chouriças ficava em vinha de alho até ficar no ponto...Agora tudo tem um curto prazo de validade, a minha avó e a minha mãe já não procuram nada e eu nem sei fazer chouriças...E logo ontem, que deitei para o lixo uns pratos rachados...
E pensei que este amolador na manhã azul era um poema!
Ouvem-no?


Rosa
Rosa dos Ventos

15 comentários:

Maria disse...

Como dizer?
Escolheste uma rosa linda para o texto da Rosa dos Ventos... texto que me fez recuar uns anos, aos gatos em alguidares de barro e fundos de panelas novos.
O amolador, esse, ainda passa por aqui, de vez em quando, ao domingo.
Ouço-o sempre e recuo no tempo...

Obrigada por tão boas memórias.

Beijinho, minha Maria

João Paulo Proença disse...

Maria P.

Fizeste reavivar memórias muito antigas...

Obrigado

João P.

Luis Eme disse...

nas manhãs azuis, tudo é poesia...

beijos M. Maria Maio

Alexandra disse...

Esta bela fotografia desta linda rosa foi, quase de certeza, tirada numa manhã azul... :)

Beijinho(S)

Clotilde S. disse...

Memórias de infância, da casa da avó, das tias mais velhas e dos seus pratos cavalinho.

Linda rosa amarela e bela rosa dos ventos.

Beijos

o Reverso disse...

na minha memória o amolador de tesouras, com a sua gaita de beiços, é um dos meus poemas de infância

Rosa dos Ventos disse...

Nesta manhã onde o azul aparece timidamente entre o branco das nuvens, fiquei comovida com a tua gentileza e a tua bela rosa amarela!
Hoje, nesta santa terra, só ouço o zumbido de um besouro gigante que se afadiga na vigilância e protecção do formigueiro que circula cá em baixo...

Abraço

Unknown disse...

Ainda há o amola -tesouras. Ainda há. Mas é figura que tende a desaparecer. Bom texto e evocativo de coisas antigas, mas boas. Parabems às duas amigas. Gostei muito. E também da flor, claro.

Pitanga Doce disse...

Ouço sim, Maria P e Rosa. Ouvia-o tão bem quando criança! Lá ia minha mãe com tachos e eu não entendia muito bem o que era feito ali, só sei que mais tarde lá aparecia a panela que não tinha mais aonde se pegar com uma "asa" nova.

A faca amolada servia para matar as galinhas. De um corte só. Um horror!

bom dia meninas

pin gente disse...

é uma das recordações que tenho da infância, aquela musiquinha...
bonitas rosas
beijo

adouro-te disse...

Diziam-no galego.
Galego era o seu caminhar.
Beijos.

Oris disse...

Recordar um texto de uma Rosa....mesmo que seja dos Ventos.

Lindo ...
A foto e o texto.

Beijitos

tempusinfinitae disse...

A Rosa, o amolador e... a chuva.

Maria P. disse...

Em primeiro lugar obrigada Rosa por escreveres assim ao Vento, e não são palavras que o vento leva, ficam (me). Obrigada.
Beijinho, e sorriso de Maio*

A todos grata, pela presença, assim...

poetaeusou . . . disse...

*
rosada memória
harmónica soprada
tesoura aventada
amolador dos tempos
vivencia deixada
pela Rosa dos Ventos,
,
bonito texto, o teu
,
regredi á meninice
infelizmente estão a voltar,
crise ou lei da sobrevivência,
ao fundo da minha rua
ouço o som da “Gaita”
é o Francisco, filho e neto,
de amoladores, o avô Galego,
veio para “aqui” em 1939,
deixou Guarnica antes de . . .
os filhos do Chico, licenciados,
não conseguem emprego,
ele ao fim de semana, veste o
fato do avô, não o imita, porque
ele é o avô, que eu ainda conheci . . .
,
obrigado Rosa dos Ventos,
pala tua partilha,
grato a Casa de Maio
pela coordenação,
,
conchinhas
,
*