domingo, 21 de outubro de 2007

Ao Caminhar De Noite

São árvores sedentas,
cabeleiras em súplica,
que perseguem na lomba
uma beleza última,

e o furacão repele
pela ladeira abaixo
até fundas quebradas
- oh vida - do barranco.

São árvores que buscam
em solidão e vento,
o que tu buscas. Foge,
oh caminhante negro!

Dámaso Alonso (Espanha, 1898-1990)

Trad. de José Bento

3 comentários:

Luis Eme disse...

Não fujas, se procuras a beleza última...

Manuel Veiga disse...

gosto de cabeleiras em súplica. e de caminhantes negros. e das vertigens dos barrancos...

belo

DE-PROPOSITO disse...

Olá.
Não consegui interpretar o poema, pelo menos no momento.
As árvores podem se sentir solitárias, mas nunca estão sós. Todos os dias muita vida, muitas vidas, se abrigam nelas, fazendo-lhe companhia. Também a seus pés, quais súbditos zelosos, muitas plantas crescem e lhe prestam vassalagem.
Fica bem.
Felicidades.
Manuel