terça-feira, 16 de outubro de 2007

Ao anoitecer...

Não tenhas medo do amor. Pousa a tua mão
devagar sobre o peito da terra e sente respirar
no seu seio os nomes das coisas que ali estão a
crescer: o linho e a genciana; as ervilhas-de-cheiro
e as campainhas azuis; a menta perfumada para
as infusões do verão e a teia de raízes de um
pequeno loureiro que se organiza como uma rede
de veias na confusão de um corpo. A vida nunca

foi só inverno, nunca foi só bruma e desamparo.
Se bem que chova ainda, não te importes: pousa a
tua mão devagar sobre o teu peito e ouve o clamor
da tempestade que faz ruir os muros: explode no
teu coração um amor-perfeito, será doce o seu
pólen na corola de um beijo, não tenhas medo,
hão-de pedir-to quando chegar a primavera.

Maria do Rosário Pedreira
Nenhum Nome Depois

7 comentários:

eduardo jai disse...

Não conhecia. Obrigado.

Ka disse...

Pois...há quem tenha medo e não sabe o que perde!

Beijoca

poetaeusou . . . disse...

*
A vida nunca foi só inverno,
nunca foi só bruma e desamparo.
*
é . . . e o tudo,
é . . . a vida
*
h
*

Luis Eme disse...

Pousei a mão... em mais um lindo poema desta grande poetisa (que conheci aqui...).

Abraço

SILÊNCIO CULPADO disse...

Depois voltarei para comentar. Hoje só quero convidar-te a juntares-te a nós no NOTAS SOLTAS IDEIAS TONTAS (http://notassoltasideiastontas.blogspot.com) no grito contra a pobreza, hoje dia 17/10/07 em que, internacionalmente, se exige a sua erradicação.

tufa tau disse...

medo do amor?
pousei a mão no meu amor
apertei-o no peito
levei-o à boca
senti-o perfeito

pousou-me a mão o meu amor
aceitou-me para si
levou-me aos seus lábios
para a vida nasci

nana disse...

as palavras desta senhora crescem em sentir dentro de mim a olhos vistos.....


obrigada por (mais) esta partilha.


@-,-'-