domingo, 23 de setembro de 2007

Autores...

Eram os estudantes, como são hoje, como foram sempre, aqui e em todos os países, a boémia expansiva, romanesca, irrequieta, ao mesmo tempo temida e fascinadora.
[...]
Quantas vezes não correm atrás de uma loucura, como fanáticos, e quantas buscas de um ideal, como sonhadores? Na febre doida da troça ou na irreflectida prosápia das tradições de classe, vão até à impertinência, chegam até ao motim; mas tanto os defende o prestígio da própria mocidade, que não raras vezes lhe perdoa a gente a sua irreflectida audácia.
Depois, dispersos pela sociedade, noutro meio e noutra idade, por muito que tenham subido e mudado, nunca mais se lhes apaga a consoladora saudade daquela doida boémia, em plena alegria, no doirado mundo das ilusões, que nunca mais viram, que nunca mais encontraram. É uma longínqua aurora que se lhes reflecte na alma, tanto mais saudosa quanto mais distante!
António de Campos Júnior (1850-1917)
Guerreiro e Monge - 6ª Ed. 1952

12 comentários:

Fernando Pinto disse...

Gosto destes teus "achados".

Abraço

Maria disse...

Abri o teu blogue e fiquei a ver "O carteiro de Pablo Neruda"...
... que me deixa sempre com uma lagrimita no olho, porque sou uma piegas, raio!

Mas o tempo de estudante não é mesmo o melhor tempo da nossa vida?

Boa semana
Beijinho, Maria

Pitanga Doce disse...

Devíamos ser estudantes a vida toda. Quem sabe, um dia, aprendíamos alguma coisa. A rir sempre, por exemplo. Já viste como eles riem?

beijos e boa semana...e já posso ir dormir. Escuto o carro do rapaz que foi à Bienal do Livro.

Ka disse...

Bom dia e boa semana :)

Beijinho

PostScriptum disse...

Não seremos estudantes perétuos? Grande achado, Maria de Maio..
Beijinhos

Luis Eme disse...

Há coisas que de facto não mudam com os tempos...

felizmente...

a capa é gira...

rui disse...

Olá Maria

Não conhecia!
Mas este extracto faz-me lembrar tempos em que também tinha este viver e esta impertinência.

Beijinho

Manuel Veiga disse...

gosto de romances da adolescência...

poetaeusou . . . disse...

*
guerreiro e monge
,
um dos meus adereços,
,
ji
h
*

nana disse...

tanta coisa bonita e verdadeira que se encontra na tua prateleira de achados....

:o)

x

Mateso disse...

"... É uma longínqua aurora que se lhes reflecte na alma, tanto mais saudosa quanto mais distante!"

Judiciosas palavras.Sentires verdadeiros.Épocas idas, mas que são sempre nossas, em cada tempo de descoberta...
Se gostei...!
Bj,

APC disse...

Uma excelente narrativa da nostalgia, que entra pelo peito e se acomoda.