quinta-feira, 30 de novembro de 2006

Ao anoitecer...

Nada mudou. Ao fim de tantos anos, o meu
passado é ainda o mesmo passado - nenhum
rosto diferente para desviar o rio da memória,
nenhum nome depois. Para te esquecer,

devia ter partido há muito tempo, como viajam
as aves de verão em verão. E tentei; mas as malas
abertas sobre a cama eram livros abertos, e eu
nunca fechei um livro antes do fim. Por ter

ficado, nada mudou jamais - e o meu passado é
ainda o nosso passado; e o rosto que tinha antes
de me deixares é o que o espelho me devolve no
presente - embora os outros me digam que o

que vêem na superfície fria desse lago é um vinco
na água, uma mulher muito mais velha do que eu.

Maria do Rosário Pedreira
Nenhum Nome Depois

10 comentários:

Flôr disse...

Gosto de passar por aqui.
Gostei muito, mas mesmo muito do que li.
Beijinho

Teresa Durães disse...

hum....

boa noite lindocas!!!

OLHAR VAGABUNDO disse...

espero que tenhas tido uma noite deliciosa como essas palavras...
beijo vagabundo

Licínia Quitério disse...

Depois de ler isto, fica-se assim... calada...

Alberto Oliveira disse...

... os outros pretendem ver mais que a realidade do passado mostra.

E Maria do Rosário Pedreira é mestra na arte das palavras à tona de água.

beijinhos e óptimo fim-de-semana!!

JPD disse...

É impossível recomeçar da estaca zero.
Isso mesmo pressuporá MRP.
O poema é lindo.
Ter conhecido a obra dela foi uma revelação.
Boa escolha.

V.P. disse...

Gostei.

Bjx :)

Pitanga Doce disse...

...este poema não posso comentá-lo agora. Volto mais tarde só pra ele.

beijos e o jogo segue

Pitanga Doce disse...

Querida Maria P. Pois eu consegui repaginar meus personagens e o meu passado não é o mesmo assim como eu...e que bom. Comecei tudo de novo! Estou escrevendo uma nova história.

beijos de alguém que está reaprendendo a viver.

APC disse...

Só para saberes que o li!...