Um Homem percorre o mundo inteiro em busca daquilo que precisa e volta a casa para encontrá-lo. "George Moore"
terça-feira, 29 de abril de 2008
No dia da dança...
Dança Para Um Poema
Dou-te a minha pele, a minha mão
Hoje sou a terra da criação
Passam rios
No meu corpo
Na minha voz
Navios
E embarcação
Hoje sou a terra onde nasceu
Onde minha tribo nunca morreu
Meus pés irão
Desenhar
O coração
A montanha
E a nação
Mostro minha dança
Vento, canção
Lírios e madeiras
Vinhos e pão
Mostro a ti
Com a minha mão
O amor, o sal
Pedra e paixão
Eu sou o jardim
O solo, o quintal
A dança do milho
A espiga afinal
Um corpo teu
Nele pisas
Inda não vês
Te alimentas
Inda não crês
Sou um continente
Desconhecido
Um salão de dança
A imensidão
A minha pele
A minha mão
Eu vou te dar
Te convidar
Para dançar
Comp. Consuelo de Paula e Rubens Nogueira
Dou-te a minha pele, a minha mão
Hoje sou a terra da criação
Passam rios
No meu corpo
Na minha voz
Navios
E embarcação
Hoje sou a terra onde nasceu
Onde minha tribo nunca morreu
Meus pés irão
Desenhar
O coração
A montanha
E a nação
Mostro minha dança
Vento, canção
Lírios e madeiras
Vinhos e pão
Mostro a ti
Com a minha mão
O amor, o sal
Pedra e paixão
Eu sou o jardim
O solo, o quintal
A dança do milho
A espiga afinal
Um corpo teu
Nele pisas
Inda não vês
Te alimentas
Inda não crês
Sou um continente
Desconhecido
Um salão de dança
A imensidão
A minha pele
A minha mão
Eu vou te dar
Te convidar
Para dançar
Comp. Consuelo de Paula e Rubens Nogueira
segunda-feira, 28 de abril de 2008
sábado, 26 de abril de 2008
Ao entardecer...
I
Passo a mão pela tua cabeça,
recurvamente, atentamente, e só com dedos brandos,
olhando-a como passa e vendo onde passou.
Quero saber o que tu pensas.
II
O que tu pensas, mas apenas como,
e quando e o porquê, e não
que estejas pensando ou não que a minha mão,
atenta e curvada, passa brandamente.
Quero saber aquilo que nem sabes.
III
Aquilo que nem sabes - como saberias
o que o pensar é antes de pensar-se?
A mão que pousa e vai passar atenta.
O olhar que espera ver passar o gesto.
A tácita lembrança de volver os olhos.
A brisa que sabemos vai soprar tão mansa,
ainda antes, no fremir de pétalas ou folhas,
mas não na expectativa do arrepio prévio.
IV
Por que esperaste, ciente, a pele da minha mão?
Jorge de Sena
Passo a mão pela tua cabeça,
recurvamente, atentamente, e só com dedos brandos,
olhando-a como passa e vendo onde passou.
Quero saber o que tu pensas.
II
O que tu pensas, mas apenas como,
e quando e o porquê, e não
que estejas pensando ou não que a minha mão,
atenta e curvada, passa brandamente.
Quero saber aquilo que nem sabes.
III
Aquilo que nem sabes - como saberias
o que o pensar é antes de pensar-se?
A mão que pousa e vai passar atenta.
O olhar que espera ver passar o gesto.
A tácita lembrança de volver os olhos.
A brisa que sabemos vai soprar tão mansa,
ainda antes, no fremir de pétalas ou folhas,
mas não na expectativa do arrepio prévio.
IV
Por que esperaste, ciente, a pele da minha mão?
Jorge de Sena
sexta-feira, 25 de abril de 2008
quinta-feira, 24 de abril de 2008
Autores
Como Uma Flor Vermelha
À sua passagem a noite é vermelha,
E a vida que temos parece
Exausta, inútil, alheia.
Ninguém sabe onde vai nem onde vem,
Mas o eco dos seus passos
Enche o ar de caminhos e de espaços
E acorda as ruas mortas.
Então o mistério das coisas estremece
E o desconhecido cresce
Como uma flor vermelha.
Sophia de Mello Breyner Andresen
À sua passagem a noite é vermelha,
E a vida que temos parece
Exausta, inútil, alheia.
Ninguém sabe onde vai nem onde vem,
Mas o eco dos seus passos
Enche o ar de caminhos e de espaços
E acorda as ruas mortas.
Então o mistério das coisas estremece
E o desconhecido cresce
Como uma flor vermelha.
Sophia de Mello Breyner Andresen
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Os Livros...
Quando começou a ler o poema impresso no pedaço de cartolina, achou aquelas palavras familiares. Sabia que tinha escrito algo parecido, há um ror de anos, nos bons tempos da Revolução de Abril. Os seus olhos fugiram de imediato para o espaço onde estava o nome do autor. Sentiu uma onda de calor a iluminar-lhe o rosto e começou a sorrir de alegria, esquecido que estava na rua. Era mesmo um dos seus poemas...era o seu nome que estava transcrito depois do poema.
Encontrar um poema da sua autoria, num simples marcador de livros que aproveitava para publicitar a existência de um "Café com Letras", do qual nunca ouvira falar, era uma daquelas coisas que estava completamente fora das suas cogitações.
Durante uns breves minutos sentiu-se orgulhoso.
Um Café Com Sabor Diferente
Luís A. Milheiro
segunda-feira, 21 de abril de 2008
Ao entardecer...
Nada me pertenceu - nem o vestido indecente
que pedi emprestado para te oferecer os seios, nem
os seios, que eram já teus muito antes do vestido.
O sorriso que devassou brevemente o meu rosto não
me pertenceu; porque ninguém o viu antes de ti,
nem o espelho se convenceu a devolver-mo.
Todas as coisas que a casa guardou quando partiste não
me pertenceram; porque, ao tocar-lhe nos dias mais
cinzentos, sinto que é pelo calor dos teus dedos que ainda
gritam; e mesmo a cama onde só teu corpo era bem-vindo
nunca chegou a ser inteiramente minha, pois, de contrário,
encontraria nela o meu lugar, e não o teu vazio.
Tu não me pertenceste - e, se uma vez acreditei que
acontecias dentro do meu corpo,das outras vi-te abraçar a
solidão com tanto ardor que concluí ser a memória quem
te mantinha vivo. O meu coração, contudo, sempre
te pertenceu - e a mão desesperada que o procura não
sente bater longe do teu peito. E mesmo os poemas todos
que escrevi não me pertenceram, porque essa vida
que pulsava no papel levaste-a tu contigo na hora
em que te foste - e a que tenho agora é mais
branca e vazia do que a morte, não é vida nem nada
que eu queira alguma vez que me pertença.
Maria do Rosário Pedreira
O Canto do Vento nos Ciprestes
que pedi emprestado para te oferecer os seios, nem
os seios, que eram já teus muito antes do vestido.
O sorriso que devassou brevemente o meu rosto não
me pertenceu; porque ninguém o viu antes de ti,
nem o espelho se convenceu a devolver-mo.
Todas as coisas que a casa guardou quando partiste não
me pertenceram; porque, ao tocar-lhe nos dias mais
cinzentos, sinto que é pelo calor dos teus dedos que ainda
gritam; e mesmo a cama onde só teu corpo era bem-vindo
nunca chegou a ser inteiramente minha, pois, de contrário,
encontraria nela o meu lugar, e não o teu vazio.
Tu não me pertenceste - e, se uma vez acreditei que
acontecias dentro do meu corpo,das outras vi-te abraçar a
solidão com tanto ardor que concluí ser a memória quem
te mantinha vivo. O meu coração, contudo, sempre
te pertenceu - e a mão desesperada que o procura não
sente bater longe do teu peito. E mesmo os poemas todos
que escrevi não me pertenceram, porque essa vida
que pulsava no papel levaste-a tu contigo na hora
em que te foste - e a que tenho agora é mais
branca e vazia do que a morte, não é vida nem nada
que eu queira alguma vez que me pertença.
Maria do Rosário Pedreira
O Canto do Vento nos Ciprestes
domingo, 20 de abril de 2008
1 2 3, diz outra vez!
Bichinho de conta
Debaixo da pedra
Mora um bichinho
De corpo cinzento
Muito redondinho
Tem medo do sol
Tem medo de andar
Bichinho de conta
Não sabe contar
Muito redondinho
Rebola, no chão
Rebola, na erva
E na minha mão
Lenga-lenga tradicional.
sexta-feira, 18 de abril de 2008
Outra Janela...
Robert Stevenson
Eternidade - foi a palavra desta semana no foto-dicionário do blogue Palavra Puxa Palavra, curiosos e belíssimos foram os olhares revelados, este foi o olhar da Casa de Maio:
um longo caminho, um fim infinito, desconhecido...
quarta-feira, 16 de abril de 2008
Autores
Mar Incerto
Que triste o som acorda à minha voz!
Como é pálida a luz do meu espelho
e a desse rio azul que não tem foz:
o tempo, em que me vou fazendo velho.
Dias loucos da infância, onde estais vós?
E a alegria - esse cântico vermelho
do sangue virgem que não tem avós?
Como se chama a sombra em que ajoelho?
Arfa, cansado, no meu peito, um mar:
o mar remoto da remota Ilha
onde as sereias cantam ao luar.
A esteira dos navios, as gaivotas
gritam no céu, e o céu, lânguido, brilha
sem ecos de vitórias ou derrotas.
António de Sousa
Que triste o som acorda à minha voz!
Como é pálida a luz do meu espelho
e a desse rio azul que não tem foz:
o tempo, em que me vou fazendo velho.
Dias loucos da infância, onde estais vós?
E a alegria - esse cântico vermelho
do sangue virgem que não tem avós?
Como se chama a sombra em que ajoelho?
Arfa, cansado, no meu peito, um mar:
o mar remoto da remota Ilha
onde as sereias cantam ao luar.
A esteira dos navios, as gaivotas
gritam no céu, e o céu, lânguido, brilha
sem ecos de vitórias ou derrotas.
António de Sousa
terça-feira, 15 de abril de 2008
segunda-feira, 14 de abril de 2008
domingo, 13 de abril de 2008
Autores
Razão de ninguém eis o vazio da pátria
onde tudo se dissolve de onde irrompe a sinfonia
da ideal violência da consciência austera
em que germina o reconhecimento da chama silenciosa
coincidência ou brisa
Vertiginosa e justa
sobre desertos violáceos ou clareiras de pedra
sem recear os fatídicos coágulos
ela palpa a carnosa sombra
de um vegetal meio-dia
e procura a pousada sobre uma grande pedra
exposta às intempéries do vento e da água
Da razão de ninguém ela cria a razão de todos
dos flancos do nada extrai o tronco luminoso
que se retesa para um oceânico horizonte
O seu maior precioso talismã
é um vaso vazio
e não escolhe entre entre a formiga e a cigarra
porque ela é a obra do ócio em movimento
e navega na gôndola imaculada do deus inacabado.
António Ramos Rosa
Pátria Soberana seguido de Nova Ficção
onde tudo se dissolve de onde irrompe a sinfonia
da ideal violência da consciência austera
em que germina o reconhecimento da chama silenciosa
coincidência ou brisa
Vertiginosa e justa
sobre desertos violáceos ou clareiras de pedra
sem recear os fatídicos coágulos
ela palpa a carnosa sombra
de um vegetal meio-dia
e procura a pousada sobre uma grande pedra
exposta às intempéries do vento e da água
Da razão de ninguém ela cria a razão de todos
dos flancos do nada extrai o tronco luminoso
que se retesa para um oceânico horizonte
O seu maior precioso talismã
é um vaso vazio
e não escolhe entre entre a formiga e a cigarra
porque ela é a obra do ócio em movimento
e navega na gôndola imaculada do deus inacabado.
António Ramos Rosa
Pátria Soberana seguido de Nova Ficção
sexta-feira, 11 de abril de 2008
Outra Janela...
quarta-feira, 9 de abril de 2008
Autores
Do Amor I
Fiama Hasse Pais Brandão
As Fábulas
A névoa disse à árvore:
tu, cedro, perdes a tua forma,
se eu te abraço. Disse
o cedro: o Sol ama-me mais,
toma o meu corpo inteiro
no seu corpo e dá-lhe
ser, figura.
Fiama Hasse Pais Brandão
As Fábulas
terça-feira, 8 de abril de 2008
segunda-feira, 7 de abril de 2008
Autores
Bárbaros
Vinham de longe, arrastados pelos ventos, e escondiam
nas mãos um punhado de areia fina para não esquecerem
o cheiro dos desertos. Subiram à montanha e,
com um ramo quebrado, puseram-se a riscar o contorno
do lago e os caminhos tortuosos das primeiras margens.
A água fascinava-os, como aos cavalos que traziam
alados e sem crinas para chegarem sempre mais cedo.
Nessa noite acamparam no vale. Assaram um veado. Beberam
às mulheres que haveriam de ter. E adormeceram
mais longe do céu.
Sonharam com o fogo para não terem de cortar o trigo.
De manhã, a planície estava ainda mais plana.
Maria do Rosário Pedreira
A Casa e o Cheiro dos Livros
Vinham de longe, arrastados pelos ventos, e escondiam
nas mãos um punhado de areia fina para não esquecerem
o cheiro dos desertos. Subiram à montanha e,
com um ramo quebrado, puseram-se a riscar o contorno
do lago e os caminhos tortuosos das primeiras margens.
A água fascinava-os, como aos cavalos que traziam
alados e sem crinas para chegarem sempre mais cedo.
Nessa noite acamparam no vale. Assaram um veado. Beberam
às mulheres que haveriam de ter. E adormeceram
mais longe do céu.
Sonharam com o fogo para não terem de cortar o trigo.
De manhã, a planície estava ainda mais plana.
Maria do Rosário Pedreira
A Casa e o Cheiro dos Livros
domingo, 6 de abril de 2008
... era uma vez
Canto
do Lat. cantu
s. m.,
série de sons musicais cadenciados, formados pela voz;
acção de cantar;
divisão de certos poemas, principalmente dos épicos;
poesia que se pode cantar;
hino.
s. m.,
série de sons musicais cadenciados, formados pela voz;
acção de cantar;
divisão de certos poemas, principalmente dos épicos;
poesia que se pode cantar;
hino.
do Gr. kanthós, canto do olho
s. m.,
comissura palpebral;
por ext. comissura dos lábios.
do Lat. canthu, círculo de ferro que cinge a roda?
s. m.,
ângulo saliente ou reentrante formado pelo encontro de linhas ou superfícies;
pedra, esquadria de pedra;
junta ou aresta de uma tábua;
o lado do pão;
lugar afastado e pouco frequentado;
sítio esconso.
- do cisne: a última criação de um artista;
- da sereia: linguagem agradável e lisonjeira, para atrair;
olhar com o - do olho: olhar de soslaio.
s. m.,
comissura palpebral;
por ext. comissura dos lábios.
do Lat. canthu, círculo de ferro que cinge a roda?
s. m.,
ângulo saliente ou reentrante formado pelo encontro de linhas ou superfícies;
pedra, esquadria de pedra;
junta ou aresta de uma tábua;
o lado do pão;
lugar afastado e pouco frequentado;
sítio esconso.
- do cisne: a última criação de um artista;
- da sereia: linguagem agradável e lisonjeira, para atrair;
olhar com o - do olho: olhar de soslaio.
in,Dic. Língua Portuguesa (ed. TE)
... e depois o meu Canto, reCanto, enCanto...
sexta-feira, 4 de abril de 2008
Autores
As Fontes
Um dia quebrarei todas as pontes
Que ligam o meu ser, vivo e total,
À agitação do mundo do irreal,
E calma subirei até às fontes.
Irei até às fontes onde mora
A plenitude, o límpido esplendor
Que me foi prometido em cada hora,
E na face incompleta do amor.
Irei beber a luz e o amanhecer,
Irei beber a voz dessa promessa
Que às vezes como um voo me atravessa,
E nela cumprirei todo o meu ser.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Um dia quebrarei todas as pontes
Que ligam o meu ser, vivo e total,
À agitação do mundo do irreal,
E calma subirei até às fontes.
Irei até às fontes onde mora
A plenitude, o límpido esplendor
Que me foi prometido em cada hora,
E na face incompleta do amor.
Irei beber a luz e o amanhecer,
Irei beber a voz dessa promessa
Que às vezes como um voo me atravessa,
E nela cumprirei todo o meu ser.
Sophia de Mello Breyner Andresen
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Da janela sul...
quarta-feira, 2 de abril de 2008
terça-feira, 1 de abril de 2008
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