Depois de tudo, fica a lembrança dos lugares e
dos seus nomes; dos quartos virados a poente
onde as imagens do rio nunca se repetem nas janelas
e todos os enredos são consentidos sobre as camas.
Ao fundo, havia um armário de madeira com espelho
onde as nossas roupas trocavam de perfume
para que os dias se vestissem sempre melhor.
E, sobre a cómoda, num espelho mais antigo,
a tarde reflectia algumas das alegrias da infância.
Não era o quarto de nenhum de nós,
mas a ele regressávamos sempre com a pressa
de quem anseia os cheiros quentes e antigos
da casa conhecida; como quem espera ser aguardado.
Pressenti, porém, que não era eu quem aguardavas:
uma noite, pedi-te mais um cobertor em vez de um abraço.
Maria do Rosário Pedreira
«A Casa e o Cheiro dos Livros»
8 comentários:
Eu deixo-te um abraço, apertado, minha Maria
Maria:
Fabuloso...
apenas isso
Beijo
João
*
a memória
de um cobertor,
,
bj,h,
,
*
Maria,
Eu tenho este livro e cada poema é um delírio!
Beijos grandes
Bem bonito!
Gostei.
Cumprimentos
os poemas da Rosário são assim...
além de belos, podem sempre encostar-se às nossas vidas...
beijos M. Maria Maio
lindo, entre janelas; vidraças fechadas que a noite está fria.
Eu sei que já editei imensos poemas da MRP aqui na Casa, mas as palavras ali alinhadas, alinham tão bem comigo, sempre...
Desculpem o abuso.
Beijinhos*
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