Trocáramos as cartas do começo - alegrias tão
frágeis, mas tão fundas, de quem mal se conhece
e já se ama; todo um inverno, diante das palavras,
o movimento dos pássaros no interior dos olhos,
o lume das estrelas na ponta dos dedos. De um
encontro tão breve é sempre fácil esquecer o que
nunca se viu. E, nessa tarde, enquanto te escutava,
soube que a memória era um espelho partido -
porque ler-te era uma coisa, mas ouvir-te era outra; e
o rosto que espreitara do papel fora eu que o desenhara;
e a assinatura ao fundo da página era o nome de uma
outra vida que eu tecera - como se na tua boca,
nesse tempo, falassem duas vozes desencontradas.
Maria do Rosário Pedreira
Nenhum Nome Depois
6 comentários:
um bom romance começa assim
gostei muito.....
feliz dia para ti Maria P.
beijo
RPM
Obrigada aos dois.
Beijinhos.
olá maria p.
beijos sem palavras.
Não sei porquê, nem vem a propósito, mas apetece-me responder assim…
Lembro-me de uma frase, de uma peça de teatro, cujo autor de momento não me recordo. A peça chama-se “Por Uma Gota de Mel”
No final, ficam dois soldados frente a frente, é a fala de um deles que eu te deixo como resposta:
… e então… morremos assim, sem saber porquê ?....
Olá Vasco,
beijos com amizade.
Caro Besnico, essa frase diz tudo.
Eu não consigo dizer mais...
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