segunda-feira, 17 de julho de 2006

Ao entardecer...

Eis-me
Tendo-me despido de todos os meus mantos
Tendo-me separado de adivinhos mágicos e deuses
Para ficar sozinha ante o silêncio
Ante o silêncio e o esplendor da tua face
Mas tu és de todos os ausentes o ausente
Nem o teu ombro me apoia nem a tua mão me toca
O meu coração desce as escadas do tempo em que não moras
E o teu encontro
São planícies e planícies de silêncio
Escura é a noite
Escura e transparente
Mas o teu rosto está para além do tempo opaco
E eu não habito os jardins do teu silêncio
Porque tu és de todos os ausentes o ausente

Sophia de Mello Breyner Andresen

13 comentários:

isabel disse...

Estou desejosa que chegue a noite...mesmo com ausências...não se aguenta o calor...

Beijinhos Maria :)

DE-PROPOSITO disse...

Planícies e silêncio. Veio-me logo à mente 'o Alentejo'. Terra de planícies, de silêncio, de paz.
Fica bem.
Beijos.
manuel

porfirio disse...

.
.
.
.
para além da morte!

bjo
e
até amanhã

Lila Magritte disse...

Hermoso poema aunque me da tristeza.

Abrazos.

RPM disse...

bom dia amiga Maria P.

A Sophia tem sempre lindos textos.

Mais um para animar a malta.

Abraço

RPM

Salvador disse...

Obrigado por este lindo texto

bjs

o alquimista disse...

Tão bonito, tão acolhedor o teu espaço, volto se não te importares.

yole disse...

Cuando las ausencias nos acercan el aroma del jardín deseado...
Besos encantados.

Vasco Pontes disse...

olá maria p.
há tristezas que não se devem incomodar. devem ouvir-se em silêncio e depois sair devagarinho
beijos

Salvador disse...

Força...

Maria P. disse...

Olá Isa, a noite também pode ser quente, apesar do frio lá fora...

Manuel tens toda a razão, eu que sou alentejana sei bem do que falas.

Olá Porfirio,
ou...ainda para além da morte.

Lila, a ausência é sempre triste, penso eu.

Bom dia Rui Pedro, afinal o que é preciso é a animar a malta, certo?

Salvador, nada a agradecer, os poemas que coloco nesta Casa espelham apenas os meus sentimentos e estado de espírito.

Alquimista obrigada pelo elogio, esta casa é sua, deixo sempre a porta aberta a quem vem por bem...

Yole, sempre o encanto das palavras de um poeta, grata.

Olá Vasco,
e quando essas tristezas não vão embora?

Salvador, obrigada.

Beijos da cor de Maio pra todos.

Menina Marota disse...

A poesia de D. Sophia é algo que enche a minha alma...

Um abraço e gata pela partilha ;)

Maria P. disse...

Concordo. É um prazer partilhar, assim como a tua presença nesta casa. outro abraço.