sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Ao amanhecer ...

Esta manhã encontrei o teu nome nos meus sonhos
e o perfume a transpirar na minha pele. E o corpo
doeu-me onde antes os teus dedos foram aves
de verão e a tua boca deixou um rasto de canções.

No abrigo da noite, soubeste ser o vento na minha
camisola; e eu despi-a para ti, a dar-te um coração
que era o resto da vida - como um peixe respira
na rede mais exausta. Nem mesmo à despedida

foram os gestos contundentes: tudo o que vem de ti
é um poema. Contudo, ao acordar, a solidão sulcara
um vale nos cobertores e o meu corpo era de novo
um trilho abandonado na paisagem. Sentei-me na cama

e repeti devagar o teu nome, o nome dos meus sonhos;
mas as sílabas caíam no fim das palavras, a dor esgota
as forças, são frios os batentes nas portas da manhã.

Maria do Rosário Pedreira
O Canto do Vento nos Ciprestes

6 comentários:

Ka disse...

Nem imaginas como este texto faz sentido para mim...

Beijoca e bom fim-de-semana

ps - TPC mais logo no BDK

Luis Eme disse...

Um poema de amor, perfeito...

abraço Maria P

e bom fim de semana

pin gente disse...

que podem aquecer entre uma mão

Maria P. disse...

Ka,
a leitura é sempre diferente, em cada dia...

Luís,
ou, um poema de amor (im)perfeito...

Luísa,
mesmo nas gelados manhãs, pode acontecer...

Bom Domingo*

nana disse...

esta senhora, esta senhora.....




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Maria P. disse...

Nana,
esta senhora tem poesia em cada letra, poema em cada palavra...

Beijinhos*