domingo, 13 de janeiro de 2008

Autores

A selva escurecia rapidamente. O entrançado inferior diluía-se, perdia contornos e volumes na negridão que sobrevinha. Os recantos onde residia eterna sombra ampliavam-se, envolvendo e tragando os caules grossos e centenários. O verde rasteiro fora já absorvido; cá em baixo só pardejava a folhagem que a morte desprendera. A luz beijava agora apenas as franças mais altas, que se mostravam, finalmente, em toda a fantasia do seu recorte, sob um céu de azul morno e baço.
O silêncio tinha, enfim, uma síncope. A selva começava a falar no olvido da noite.

Ferreira de Castro
A Selva

9 comentários:

Maria disse...

Um dos livros que releio, sempre.....
Obrigada.

Beijinho

Manuel Veiga disse...

apenas um grande escritor.ignorado nas Escolas. e nas editoras!

foi bom ler aqui.

Maria P. disse...

Maria,
a primeira vez que li este livro tinha 16 anos, tem-me acompanhado ao longo destes anos...

Herético,
talvez menos ignorado nos últimos tempos. Em Ossela (sua terra natal) existe o Centro de Estudos Ferreira de Castro que tem dinamizado de forma exemplar a sua obra, as editoras já sabemos como são...

poetaeusou . . . disse...

,
dos primeiros livros que li,
16 anos, semi - proibido,
,
vendem tudo muito caro, que é para
o seringueiro não arranjar saldo e ficar toda a vida nestas brenhas do diabo, desde que vim para o
seringal nunca a vi a cor do dinheiro . . .
,
in - ferreira de castro
,
bj
h
,
*

Maria P. disse...

Poetaeusou,
e é fanstástica a forma como a vida no "Paraíso" do Seringal é descrita por Ferreira de Castro.

Beijinho*

pin gente disse...

e tudo se ouve melhor... à noite!

Maria P. disse...

Luísa,
até o silêncio.

Beijinho*

Mar Arável disse...

Na selva tudo é possível

Basta ir à janela

Maria P. disse...

Mar Arável,
essa é bem diferente da "Selva" do Ferreira de Castro.

Um abraço*