I
Passo a mão pela tua cabeça,
recurvamente, atentamente, e só com dedos brandos,
olhando-a como passa e vendo onde passou.
Quero saber o que tu pensas.
II
O que tu pensas, mas apenas como,
e quando e o porquê, e não
que estejas pensando ou não que a minha mão,
atenta e curvada, passa brandamente.
Quero saber aquilo que nem sabes.
III
Aquilo que nem sabes - como saberias
o que o pensar é antes de pensar-se?
A mão que pousa e vai passar atenta.
O olhar que espera ver passar o gesto.
A tácita lembrança de volver os olhos.
A brisa que sabemos vai soprar tão mansa,
ainda antes, no fremir de pétalas ou folhas,
mas não na expectativa do arrepio prévio.
IV
Por que esperaste, ciente, a pele da minha mão?
Jorge de Sena
7 comentários:
Lindísiimas estas palavras de jorge de Sena. Não conhecia.
Ele de certeza absoluta que amou :)
beijoca
a frase, «quero saber aquilo que nem sabes», é no minimo de poeta...
Beijos M. Maria Maio
Sempre que leio este poema de Jorge de Sena fica-me uma frase colada à pele:
"Por que esperaste, ciente, a pele da minha mão?"
O toque. As mãos. A pele.....
Beijinho, Maria
Lindo, profundo e tão leve como uma mão apenas aflorada de passagem. Sena que tanto amava a nossa língua e - mais um - dos que aqui foi tão maltratado!
para lhe dizer o que penso...
*
Conheço o sal da tua pele seca
depois que o estio se volveu inverno da carne repousando em suor nocturno.
Conheço o sal que resta em minha mãos
como nas praias o perfume fica
quando a maré desceu e se retrai.
,
in-jorge de sena
,
bj,
h,
,
*
Ka,
são palavras sentidas...
Beijoca*
Luís M.,
no minimo, para não dizer mais...
Beijos*
Maria,
entendo-te...
Beijinho*
Bettips,
concordo com a tua observação...
Beijinho*
Luísa,
sim...
Beijinhos*
Poetaeusou,
mais Jorge de Sena, que bom...
Beijinhos*
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