Bárbaros
Vinham de longe, arrastados pelos ventos, e escondiam
nas mãos um punhado de areia fina para não esquecerem
o cheiro dos desertos. Subiram à montanha e,
com um ramo quebrado, puseram-se a riscar o contorno
do lago e os caminhos tortuosos das primeiras margens.
A água fascinava-os, como aos cavalos que traziam
alados e sem crinas para chegarem sempre mais cedo.
Nessa noite acamparam no vale. Assaram um veado. Beberam
às mulheres que haveriam de ter. E adormeceram
mais longe do céu.
Sonharam com o fogo para não terem de cortar o trigo.
De manhã, a planície estava ainda mais plana.
Maria do Rosário Pedreira
A Casa e o Cheiro dos Livros
7 comentários:
Este livro é todo ele tão bonito......
Obrigada por me teres dado a conhecer Maria do Rosário Pedreira.
Beijinho, Maria
De manhã a limpidez dos campos estendia-se ao céu, azul...
gostei do poema. muito belo...
Maria,
desde 2004 que descobri Maria do Rosário Pedreira, e gosto de a ler...muito.
Beijinho*
Luís M.,
quando o sonho toca o azul-céu...
Beijos*
Herético,
eu também.
Beijinhos*
*
o vale do deserto
aberto
ao oásis dourado
aguado
mulheres, seu abrigo
afogueadas, como o trigo
,
bj
h,
,
*
Convocar Maria do Rosário Pedreira é sempre um presente, embora muitas vezes nostálgico.
Poetaeusou,
o teu ponto de vista, tuas palavras.
Beijinhos*
Luís Galego,
depende do nosso estado de alma, digo eu...
Beijinhos*
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