quarta-feira, 13 de junho de 2007

Ao anoitecer...

Lembro-me do muro entre a estrada e
a praia. Sobre ele nos sentámos, como se para sempre
pudéssemos guardar a primeira fatia de sol, janeiro,
uma palavra aprendida de noite, ou uma ilha
que crescesse do mar e navegasse à deriva. Mais tarde
viriam as vespas e as gaivotas ao rumor dos meus dedos
nos teus cabelos - como anjos há muito aguardados.

De todos os momentos guardo este; e ainda um outro
em que os meus passos se ouviam já no asfalto,
mas os olhos permaneciam nesse lugar onde apenas se repetem
as ondas, as algas, os avisos do vento.

A Casa e o Cheiro dos Livros
Maria do Rosário Pedreira

5 comentários:

Maria P. disse...

Ontem não fiz referência a nenhum livro de poesia, porque poemas gosto de os ler soltos. Mas Maria do Rosário Pedreira é das preferidas.

mixtu disse...

os olhos...

abrazo

Alexandra disse...

Há sempre algo a guardar...!

Beijos, Maria!

poetaeusou . . . disse...

*
Lembro-me
*
h
*

magarça disse...

Este livro tem sido presença assídua na minha mesa de cabeceira.