O meu mundo tem estado à tua espera; mas
não há flores nas jarras, nem velas sobre a mesa,
nem retratos escondidos no fundo das gavetas. Sei
que um poema se escreveria entre nós dois; mas
não comprei o vinho, não mudei os lençóis,
não perfumei o decote do vestido.
Se ouço falar de ti, comove-me o teu nome
(mas nem pensar em suspirá-lo ao teu ouvido);
se me dizem que vens, o corpo é uma fogueira -
estalam-me brasas no peito, desvairadas, e respiro
com a violência de um incêndio; mas parto
antes de saber como seria. Não me perguntes
porque se mata o sol na lâmina dos dias
e o meu mundo continua à tua espera:
houve sempre coisas de esguelha nas paisagens
e amores imperfeitos - Deus tem as mãos grandes.
Maria do Rosário Pedreira
O Canto do Vento nos Ciprestes
4 comentários:
Por todo o lado me cheira a pétalas de rosa.... foi o que me ocorreu ao ler este lindo poema!
*
ou vontades
esguelhantes
*
j)
*
Não conhecia - mas é MUITO bom!
Obrigado pela "apresentação"
Beijo
Muito intenso!
Gostei.
Beijo
Enviar um comentário