terça-feira, 8 de agosto de 2006

Ao entardecer...

Amor Antigo

O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o amor antigo, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

Carlos Drummond de Andrade

8 comentários:

Rui Afonso disse...

Tanta verdade escondida nestas singelas palavras...

Teresa Durães disse...

Gosto de Carlos D. Andrade :)

Lila Magritte disse...

Los amores antiguos alumbran nuestros recuerdos hasta el último día.

Abrazos.

Maria P. disse...

Obrigada pelas vossas palavras.

Um beijinho.

Luís disse...

Naquele jantar ele perguntou-lhe: "Queres envelhecer a meu lado?" Respondeu que sim... Assim o fizeram.

Maria P. disse...

lindo...
obrigada,Luís.

Thinker disse...

simples e absorvente! Ainda me lembro dos tempos em que o estudei... depois dai nunca mais o abandonei... vale a pena ler Drummond de Andrade, vale a pena passar pela tua casinha, Maio! :) *****

Maria P. disse...

Obrigada pela tuas simpáticas palavras, Thinker.

Um beijinho de Maio.