domingo, 17 de setembro de 2006

Ao anoitecer...

De que serviu ir correr mundo,
arrastar, de cidade em cidade, um amor
que pesava mais do que mil malas; mostrar
a mil homens o teu nome escrito em mil
alfabetos e uma estampa do teu rosto
que eu julgava feliz? De que me serviu

recusar esses mil homens, e os outros mil
que fizeram de tudo para eu parar, mil
vezes me penteando as pregas do vestido
cansado de viagens, ou dizendo o seu nome
tão bonito em mil línguas que eu nunca
entenderia? Porque era apenas atrás de ti

que eu corria o mundo, era com a tua voz
nos meus ouvidos que eu arrastava o fardo
do amor de cidade em cidade, o teu nome
nos meus lábios de cidade em cidade, o teu
rosto nos meus olhos durante toda a viagem,

mas tu partias sempre na véspera de eu chegar.

Maria do Rosário Pedreira
Nenhum Nome Depois

10 comentários:

Teresa Durães disse...

é lindo

e triste...

boa noite

(e eu com 120 páginas em atraso)

Maria P. disse...

é espelho...

boa noite

(toca a trabalhar essas páginas)

JPD disse...

Sou um incondicional da Rosário.
Bela escolha

Licínia Quitério disse...

A mestria da forma de terminar um poema. Só para os grandes.

Clotilde S. disse...

Para quem não fala de amor, sabes bem escolher os poemas, minha marota.
Boa semana e beijos muitos

APC disse...

AMEI!

(e ao texto também!;-)))

M. disse...

Belíssimo!

Luís disse...

"... mas tu partias sempre na véspera de eu chegar."

Uma realidade aceite? Ou uma circunstância que se há-de mudar após tantas vezes insistir? Eu digo que há que continuar a perseguição!

Tem uma boa semana :)

Vasco Pontes disse...

Olá maria p.,
Já sabes que gsoto da Rosário. E de ti
Muitos beijos

Maria P. disse...

Palavras para quê?...

Está tudo dito, e bem dito!:)