sábado, 30 de setembro de 2006

((entre parênteses))

Sabem
hoje o mundo escondeu-se na arca
as janelas voaram, estão lá, lá, norte-sul
a porta? nunca houve porta.

o sótão queimou as últimas palhinhas, as do menino
da última gaveta...perdeu-se a chave.

1,2,3! não, porque é sempre o mesmo outra vez
...era uma vez, passado o único tempo real
e aforas?! desabafos tão tolos...
a todos, a todas, a ninguém...ou voz do povo.

pelo mar
pelo jardim
pela praia
pelo campo
pela serra

Ao anoitecer - o choro
Ao entardecer - a saudade.

mitos & milho-rei, são poeiras
mezinhar? não. Porque não acreditas. Não.

Maria P.

17 comentários:

Pitanga Doce disse...

Se hoje fosses a lua, estavas no meio do eclipse. Certo?

beijinhos lunares

BlueShell disse...

Estou capaz de fazer minhas as tuas palavras, sabes? há dias assim...

Um beijo e obrigada pela tua visita!
BlueShell- a concha!

Anónimo disse...

são fases...espero que sim!!...afinal, o mundo está mesmo aí....e as palhinhas já aí vêm também...

Beijocas
isa

Teresa Durães disse...

Poema do silêncio
José Régio

Sim, foi por mim que gritei.
Declamei,
Atirei frases em volta.
Cego de angústia e de revolta.

Foi em meu nome que fiz,
A carvão, a sangue, a giz,
Sátiras e epigramas nas paredes
Que não vi serem necessárias e vós vedes.

Foi quando compreendi
Que nada me dariam do infinito que pedi,
-Que ergui mais alto o meu grito
E pedi mais infinito!

Eu, o meu eu rico de baixas e grandezas,
Eis a razão das épi trági-cómicas empresas
Que, sem rumo,
Levantei com sarcasmo, sonho, fumo...

O que buscava
Era, como qualquer, ter o que desejava.
Febres de Mais. Ânsias de Altura e Abismo,
Tinham raízes banalíssimas de egoísmo.

Que só por me ser vedado
Sair deste meu ser formal e condenado,
Erigi contra os céus o meu imenso Engano
De tentar o ultra-humano, eu que sou tão humano!

Senhor meu Deus em que não creio!
Nu a teus pés, abro o meu seio
Procurei fugir de mim,
Mas sei que sou meu exclusivo fim.

Sofro, assim, pelo que sou,
Sofro por este chão que aos pés se me pegou,
Sofro por não poder fugir.
Sofro por ter prazer em me acusar e me exibir!

Senhor meu Deus em que não creio, porque és minha criação!
(Deus, para mim, sou eu chegado à perfeição...)
Senhor dá-me o poder de estar calado,
Quieto, maniatado, iluminado.

Se os gestos e as palavras que sonhei,
Nunca os usei nem usarei,
Se nada do que levo a efeito vale,
Que eu me não mova! que eu não fale!

Ah! também sei que, trabalhando só por mim,
Era por um de nós. E assim,
Neste meu vão assalto a nem sei que felicidade,
Lutava um homem pela humanidade.

Mas o meu sonho megalómano é maior
Do que a própria imensa dor
De compreender como é egoísta
A minha máxima conquista...

Senhor! que nunca mais meus versos ávidos e impuros
Me rasguem! e meus lábios cerrarão como dois muros,
E o meu Silêncio, como incenso, atingir-te-á,
E sobre mim de novo descerá...

Sim, descerá da tua mão compadecida,
Meu Deus em que não creio! e porá fim à minha vida.
E uma terra sem flor e uma pedra sem nome
Saciarão a minha fome.

Teresa Durães disse...

Aquele foi o comentário de José Régio

O meu é:

ATREVE-TE A SERES PARVA!!!!!

(não quer? vá apregoar a outra freguesia...)

Luís disse...

Ora essa... Amanhã quando acordares e o sol espreitar pela janela norte arregaça as mangas. Passa a mão pelo cabelo. Cantarás esses aforas com a voz do povo. Subirás ao sotão e deixarás entrar a brisa pela janela sul. Choro? Saudade? São passado... Há uma casa para arrumar.

Um beijinho

Anónimo disse...

Passei para apreciar esta página agradável, que me atrai pela sua qualidade e desejar bom fim-de-semana. Até breve.

Eric Blair disse...

Tal e qual!

OLHAR VAGABUNDO disse...

entendo bem o teu estado de alma...
deixo te um beijo vagabundo,mas este mágico...

APC disse...

"Hoje" é um dia diferente. E porque a desordem das horas e dos dias também faz parte da ordem da vida, deixá-lo ser.
E di-lo, mostra-o, pinta-o, grita-o... Reacções activas que sabes ter e gostamos de te ver.
O , esse não fará, definitivamente, parte delas.
:-*

Anónimo disse...

-Como é domingo, hoje não argumento, vim só mesmo cuscar...:P
Bom domingo...

(tenho mm pouca originalidade :)** )

Anónimo disse...

que bonito o teu poema :)

Licínia Quitério disse...

Estou de volta. Espero-te. Esperamos-te.
Beijos.

Anónimo disse...

(In)felizmente há dias assim, mas felizmente são passageiros e cá te espero, cá te esperamos, inteira de novo:)

Um grande abraço

Teresa Durães disse...

toc toc toc

sai daí cá para fora

estou à tua espera

Maria P. disse...

A todos deixo um sorriso de Maio:)

Clotilde S. disse...

Mas que vem a ser isto? Desânimo? Derrotismo?Abandono? Faça-me o favor de se reerguer, abrir essas janelas, desenhar uma porta na parede, sair por ela e cantar!E já agora, tome lá esta chave; deu-ma um menino que vive num sótão magnífico, o qual, ao que parece, a menina Maria decidiu hoje encher de macaquinhos.

Beijos grandes