domingo, 24 de setembro de 2006

Ao anoitecer...

Fumo

Longe de ti são ermos os caminhos,
Longe de ti não há luar nem rosas,
Longe de ti há noites silenciosas,
Há dias sem calor, beirais sem ninhos!

Meus olhos são dois velhos pobrezinhos
Perdidos pelas noites invernosas...
Abertos, sonham mãos cariciosas,
Tuas mãos doces, plenas de carinhos!

Os dias são Outonos: choram... choram...
Há crisântemos roxos que descoram...
Há murmúrios dolentes de segredos...

Invoco o nosso sonho! Estendo os braços!
E ele é, ó meu Amor, pelos espaços,
Fumo leve que foge entre os meus dedos!...

Florbela Espanca

7 comentários:

Teresa Durães disse...

Florbela Espanca!!! ah!!!
(era bipolar, sabias?)

Adorei!

Luís disse...

Longe de ti há noites silenciosas... E é nessas noites que sente mais o "longe" de alguém. Um excelente poema para recordar aqui :)

Um beijinho

Manuel Veiga disse...

gosto da vibração do Outono. dos sabores a mosto a vinho novo.
e, claro, de Florbela...

Pitanga Doce disse...

Vim atrás de Florbela. Se puder voltar, vá ao Pitanga e deixe mensagem no post Bloquinhos de Apontamentos e entenderá.

abraços vindos de longe

JPD disse...

Bela escolha

Maria P. disse...

Agradeço a vossas palavras.

Boa semana a todos.

APC disse...

Bolas, pá, que me arrepio sempre!
Humpft!
:-)))
Olhos, velhos pobrezinhos, mendigando por carinhos... Amar assim, a morrer, é porque se está vivo! (por enquanto;-)