sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Ao entardecer...

Floriram por engano as rosas bravas
No inverno: veio o vento desfolhá-las...
Em que cismas, meu bem? Porque me calas
As vozes com que há pouco me enganavas!

Castelos doidos! Tão cedo caístes!...
Onde vamos, alheio o pensamento,
De mãos dadas? Teus olhos, que um momento
Perscrutaram nos meus, como vão tristes!

E sobre nós cai nupcial a neve,
Surda, em triunfo, pétalas, de leve
Juncando o chão, na acrópole de gelos...

Em redor do teu vulto é como um véu!
Quem as esparze - quanta flor! - do céu,
Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos!

Camilo Pessanha

4 comentários:

Anónimo disse...

Mestre Pessanha carregado de simbolismo. Não conhecia este soneto.
Boa escolha:)

Beijinhos

APC disse...

;-)

Teresa Durães disse...

adorei! só hoje vim ler, não conhecia

:)

os dois post muito juntinhos!

Maria P. disse...

Eu gosto da poesia de Camilo Pessanha.

Beijocas meninas:)